quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O abismo demográfico



A notícia mais grave, mais preocupante, mais terrível dos últimos dias, em Portugal, foi a de que, neste ano, nasceram no primeiro semestre menos 4.000 crianças em Portugal! Isto é, fazendo as contas:
  • nasceram, em média, menos 22 crianças em cada dia; e
  • estamos em rota para, pela primeira vez, ficarmos abaixo da fasquia dos 80.000 nascimentos num ano.
O precipício demográfico português tem sido vertiginoso neste século. Como podemos verificar pelas tabelas da PORDATA, em Portugal tivemos mais de 120.000 nascimentos em 2000, caindo pela primeira vez para baixo dos 100.000 em 2009, para recuperarmos ligeiramente em 2010 e voltarmos a cair dos 100 mil em 2011, para baixo dos 90 mil em 2012 e, a continuarmos assim... para baixo dos 80 mil neste ano de 2013.

Na década de '60, era normal nascerem mais de 200 mil crianças todos os anos em Portugal - e, assim, entre outras coisas, gerámos as bases dos sistemas sociais que pudemos construir.

A notícia desta última quebra de natalidade foi, agora, uma notícia da LUSA, que apenas conseguir furar o bloqueio noticioso, salvo erro, nas edições online do PÚBLICO e do DN. A notícia já nem saiu sequer nas edições em papel destes jornais e não a vi, nem a ouvi em qualquer rádio ou televisão. 

Tão-pouco se ouviu uma só palavra a um único líder ou dirigente partidário. E estamos em plena campanha eleitoral, com todos os líderes e principais dirigentes a falarem todos os dias! O que faria se não fosse assim...

Não é só deserto, é também silêncio.

Vivemos tempos de superficialidade, em que não é importante o que tem importância. 

Já lá vão três dias e é como se não soubéssemos o que se sabe.

2 comentários:

  1. Tem razão, como os recursos são escassos é assustadora a ideia de que a população possa diminuir.~
    A população portuguesa em 1960 - 8 889 392, em 2011 - 10 562 178 - diminuímos de menos de 9 milhões para mais de 10,5 milhões, existindo uma aumento de 200 000 só neste século (dados tirados da PORDATA).
    Sente-se neste momento uma imensa falta de jovens para trabalhar - deve ser por isso que estão todos desempregados.

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  2. É pena que o "Anónimo" anterior não deixe indicação para poder ser esclarecido sobre o que escrevi.

    Ainda por cima porque procura fazer ironia com um assunto sério, parecendo desvalorizar a gravidade do problema.

    Remeto-o para outro post que escrevi há um ano:
    http://avenida-liberdade.blogspot.pt/2012/02/portugal-do-futuro-catastrofe.html

    E sobretudo para a base do estudo das Nações Unidas que aí menciono:
    http://esa.un.org/unpd/wpp/index.htm

    A projecção média para Portugal é:

    Portugal
    Population (thousands)
    Medium variant
    2000-2100

    Year Population
    2000 - 10 306
    2005 - 10 511
    2010 - 10 590
    2015 - 10 610
    2020 - 10 579
    2025 - 10 514
    2030 - 10 433
    2035 - 10 337
    2040 - 10 213
    2045 - 10 049
    2050 - 9 843
    2055 - 9 599
    2060 - 9 331
    2065 - 9 055
    2070 - 8 782
    2075 - 8 520
    2080 - 8 278
    2085 - 8 057
    2090 - 7 851
    2095 - 7 652
    2100 - 7 457

    E a projecção mais pessimista:

    Portugal
    Population (thousands)
    Low variant
    2000-2100

    Year Population
    2000 - 10 306
    2005 - 10 511
    2010 - 10 590
    2015 - 10 522
    2020 - 10 362
    2025 - 10 150
    2030 - 9 927
    2035 - 9 691
    2040 - 9 422
    2045 - 9 101
    2050 - 8 722
    2055 - 8 294
    2060 - 7 839
    2065 - 7 374
    2070 - 6 910
    2075 - 6 455
    2080 - 6 016
    2085 - 5 597
    2090 - 5 193
    2095 - 4 801
    2100 - 4 425

    Os números da PORDATA que apresenta não desmentem isto. Pelo contrário, estão exactamente em linha com estas projecções catastróficas.

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