quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Dachau - Campo de Concentração Nazi | Agosto de 2016


Minha mulher e eu passámos cinco dias económicos e muito agradáveis em Munique e programámos, no penúltimo dia, a “visita” a Dachau, um dos primeiros Campos de Concentração do Nazismo. Fizemos Munique/Dachau – 15 km – de comboio e, aqui chegados, apanhámos um autocarro até ao Campo de Concentração de Dachau.

Entrada gratuita. Num tempo e espaço de “horror” que nunca deveria ter existido. E que pode reaparecer a qualquer momento, aqui, de novo nesta Europa, desunida, desconstruída, movida por interesses de todo o feitio, e com movimentos de extrema-direita a crescer, até na Alemanha e em força na Áustria. Hitler era austríaco e foi mandar na Alemanha e nos alemães, de 1933 a 1945.

Espaço cheio de visitantes. Com muito respeito. Silêncio, deslocando-se civilizadamente por este templo de “Terror ”.

Aquilo que nós, Humanos, fazemos uns aos outros, nunca aprendendo com o passado e vamos repetindo, torturando, sacrificando, matando os nossos iguais, forjando as mais diversas razões para o “ter” que fazer, desde que tenhamos “o poder e o dinheiro”!

Tudo o que se queima, e são pessoas que se incendeiam. E não são bens, esses até se roubam queimando os seus donos. Himmler – que era o chefe superior das SS e mandava nos Campos de Concentração - tinha mais respeito pelas “suas” galinhas que pelas Pessoas que “encaixava“ nos Campos de Concentração!

Tudo são motivos para o “ter que fazer”! Religião, sexo, cor, língua, tamanho, tudo e nada, para fazer tudo igual, tudo, como uns doidos querem. Horrores! Humanos!

E com imensos seguidores, como se viu com Hitler, e como hoje podemos “apreciar” com Donald Trump, Marine Le Pen, Frauke Petry, Pablo Iglesias, e não só!

Assistimos numa sala recuperada de Dachau, que foi de interrogatórios – muitos campos de concentração, tinham buncker para “enfiar” Pessoas e as torturar sem se ter que ouvir os seus gritos. Agora, é um auditório, pequeno, onde assistimos a um filme, no caso em francês, sobre a ascensão de Hitler em 1933 e todo o seu insano percurso até ao seu suposto e quase comprovado suicídio em 1945, em Berlim, com a sua – dele – Eva Braun.

Os terrores, as mortes, ali naquele Campo de Concentração de Dachau. O eterno letreiro à porta: O TRABALHO LIBERTA. E os edifícios dos SS, o da Manutenção, o Bunker, as Torres dos guardas, a área de Cremação, na parte Final!

Fotografias de corpos, de seres humanos iguais, iguais, mas mesmo iguais – não tinham duas cabeças , nem três pernas….- a nós, empilhados, mortos-vivos, sob o olhar aprovador de soldados alemães.

Pessoas que comiam por dia a ração de dois feijões, a boiar em água. Esqueletos ambulantes. A minha mulher e eu não falámos durante as duas horas e meia que estivemos neste campo de Concentração de Dachau. Nem nos olhámos.

À saída, tem um restaurante económico, onde comemos uma sanduíche cada, e coca-cola. Fica-me sempre no pensamento as minhas mãe e avó, que, em 1938, fugiram como refugiadas de Viena para Portugal e meu avô para Londres; a minha segunda avó, que foi quem viveu em Londres com meu avô, por a minha primeira avó não ter querido ir ter com ele, e que nos contou, na Páscoa de 1996, histórias horrendas da fuga também da Áustria. Já tinha sabido muito pela primeira avó!

Estes tempos de horrores passaram-se aqui na Europa há pouco mais de 70 anos e podem repetir-se. Não aprendemos nada, nada!! Voltamos a Munique!

Não esquecemos, a vida continua, mesmo que tenhamos gente - demasiada - a atacar, hoje, refugiados, movimentos das extremas a ganhar peso, a Europa a desfazer-se, e um possível Hitler, mais sofisticado ao virar da esquina….

E bastantes, a aproveitarem-se de bons lugares em demasiados locais, até nas estruturas pesadas de Desunião Europeia, para edificarem as suas vidinhas. Quanto ao resto, as Pessoas para quem a Europa devia “ser e estar”...  nada contam, uma vez mais.

Augusto KÜTTNER DE MAGALHÃES
14 de Setembro de 2016

A chanceler Angela Merkel, prestando homenagem,
no campo de Dachau, às vítimas do nazismo e do Holocausto


1 comentário:

Augusto Küttner de Magalhães disse...

Dói muito lá ir e pior, ainda, saber que nada aprendemos com este terror!!!!