Um dos meus temas favoritos na reflexão e no debate que devemos fazer sobre a nossa relação com a União Europeia é o que chamo de "a visão mamífera da Europa".
Hoje, numa parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos, o Diário de Notícias apresenta um conjunto de trabalhos que nos convocam para essa reflexão a partir da revelação de que, ao longo dos últimos 25 anos, Portugal recebeu da Europa 9 milhões de euros por dia.
Desde a forma como isso influenciou de modo determinante o investimento dos nossos próprios recursos, numa relação de quase fifty-fifty, ao impacto na melhoria do nosso nível de vida, mas falhando as ambicionadas coesão e convergência, passando pela concentração de investimento na rede viária e a incidência nalguns sectores específicos, está aí tudo até à pergunta sacramental: Portugal aproveitou bem os fundos comunitários?
Hoje, quando a "teta de Bruxelas" parece ter secado ou estar a secar, a resposta, em sentido dominante, é: não, não aproveitámos bem os fundos comunitários. Pior: alguns desses investimentos induziram-nos também em novos custos cujo suporte é extremamente oneroso.
Há que fazer bem esse balanço crítico. De forma exaustiva e rigorosa. Existe por aí muito "génio" que nos habituámos a endeusar, a nível nacional, regional ou municipal, e que mais não fez do que entornar a eito esse dinheiro que jorrou.
São os génios da mama alheia. Alguns ainda terão tido o mérito de lutar por que Portugal pudesse beneficiar desses fundos; outros nem isso: limitaram-se apenas a cavalgar o dorso da doce vaca leiteira.
Também vai estando em tempo de os julgarmos. Não por uma questão de acerto de contas, mas porque os fundos comunitários continuam a fluir e é imperioso não reinicidirmos nos mesmos erros e na mesma estúpida prodigalidade e falta de sentido estratégico.
O tempo e o espaço para errarmos acabou.
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