Continuando a série, o 3º voto de protesto destas eleições europeias é claramente a votação do PS, que as projecções não dão acima de 35%/36%. Este é também um protesto duro, que não deixará seguramente - não é piada o advérbio de modo... - dentro dos socialistas.
Para os socialistas, é uma vitória bem amarga a de hoje à noite: o PS é, há que dizê-lo, o vencedor formal das eleições, mas perde o que queria; e Seguro é claramente um derrotado. Não é preciso ser bruxo para imaginar que as facas-longas recomeçaram já a afiar-se.
Voltando à fasquia dos 40%, que alinhei no post anterior, o protesto eleitoral contra Seguro - e a linha de captura "socrática" em que este PS se arrasta - está em não ter conseguido ficar acima de 40%; e será tanto mais intenso quanto mais longe ficar desta marca. Na verdade, neste contexto geral, resultados do principal partido da oposição de cerca de 35%, ou ainda menos, são também uma pancadita jeitosa.
Recordando as europeias de 2004, em que a coligação PSD/CDS ficou nos 33,3% (a tal excepção), o PS, então liderado por Ferro Rodrigues, disparou reciprocamente para 44,5%. Ora, quando a direita e o centro-direita afundam brutalmente bem para baixo dos 40%, o facto de o PS não conseguir atingir essa fasquia, nem superá-la largamente, significa claramente que os eleitores não identificam uma alternativa no PS - pior que isso: que não querem mesmo identificá-lo como alternativa.
É esse o 3º protesto deste dia: "os outros estão mal; mas tu também".
Não é preciso ser adivinho, para antecipar grandes debates e confrontos no PS; e que António José Seguro provavelmente não chegará como líder às próximas eleições legislativas.
ACTUALIZAÇÃO: O resultado final também conseguiu ser bem pior do que as projecções que iniciaram a noite: 31,5% e pouco mais de um milhão de votos. Foi um dos piores resultados de sempre do PS para o Parlamento Europeu. Este paupérrimo desempenho, em tempo de maré favorável, só pode antecipar mudança - coisa que, aliás, o cartaz de campanha bem anunciava... (Ver Resultados)
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