terça-feira, 23 de setembro de 2014

Os passos de Passos


Chato! É o mínimo que se pode dizer.

Quando as coisas pareciam encaminhar-se para uma, digamos, normalidade democrática, à beira de sabermos quem é que finalmente vai encabeçar a oposição, agora que a troika desamparou a loja, eis que desaba uma tempestade sobre a cabeça do 1º Ministro.

E não, não é uma tempestade num copo de água, é uma coisa realmente séria. A ideia de que o actual Primeiro, há 15 anos se andou a locupletar com um salário elevadíssimo pra a época de 1.000 contos por mês, para presidir a uma ONG (!) criada pela Tecnoforma - essa coisa fatal - para angariar subsídios fora do país, já é má demais.

Que tenha sonegado esses elevadíssimos rendimentos ao fisco, é uma catástrofe moral de primeira grandeza.

Que tenha compactado a sua acção com a ganância que leva a enganar a Assembleia da República para obter um subsídio de reintegração a que não teria qualquer direito, é agoniante.

Como muita gente que chega aos cargos máximos deste pobre País sem qualquer espécie de preparação ou curriculum, os passos que Passos deu na vida completam agora o seu círculo venenoso para lhe caírem em cima da cabeça.

Espero sinceramente que seja tudo mentira, tudo falso e que a PGR explique o que Passos agora lhe pede que explique, porque a não ser, as consequências são más de mais para ser verdade.

Porque a ser verdade, a primeira conclusão a tirar é que teríamos como 1º Ministro um aldrabão, um arranjista, um defraudador do fisco, um criminoso de colarinho branco, alguém que não pode encarar o seu passado sem um frémito de vergonha. Um horror.

Se não for verdade, o que espero com toda a minha alma, espero bem que a força da Justiça caia como um raio certeiro sobre quem difamou.

Se for verdade, espero que Passos se demita, desapareça de cena e não nos embarace a todos com a sua presença, para nunca mais.

Agora, há uma coisa que é verdade: se fosse tudo mentira, não seria normal que em vez de alegar amnésia, o Primeiro-ministro de Portugal (valha-me Deus, isto não é, como diria o Costa, o Cabaret da Coxa), tivesse já desmentido e explicado?

Irra, que é demais!

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