Um dos traços do estalinismo foi a manipulação da História ao serviço da propaganda, nem só para serviço da ideologia comunista, mas para afirmação do seu poder pessoal.
Famoso pela impiedade perante os adversários, prolongava-a contra a sua memória, apagando-os de registos, rasto de acontecimentos e imagens.
São célebres alguns casos desta censura demencial, mandada executar em fotografias públicas. Os mais famosos são o apagão de Trotski e de Yezhov em fotografias com Lenine e com o próprio Estaline. Estaline não suportava a ideia - nem a imagem - de Trotski ter sido o braço-direito de Lenine ou de Yezhov ser seu leal colaborador, chefe da polícia política e executante diligente da política de encarceramento, tortura e assassinato de centenas de milhares de cidadãos da URSS.
Estaline mandou matar um e outro, Trotski e de Yezhov. Contudo, não foi suficiente matá-los. Foi preciso apagá-los também das fotografias.
Assim nasceu o foto-estalinismo, uma técnica que outros têm aprendido e vindo a copiar. Mas o autor é Estaline, honra à sua memória. Conhecido pela ferocidade brutal, este foi, em paradoxo, o maior sinal da fragilidade e insegurança de Estaline: a necessidade de apagar aqueles que abatera.
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