Single em vinil com o Hino da Restauração, editado pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal |
Algumas das alterações feitas à letra tiveram como objectivo a actualização e simplificação da linguagem.
Por exemplo, as frases:
“Lusitanos é chegado o dia da redenção.
Caem do pulso as algemas.
Ressurge livre a Nação.”
são substituídas por:
“Portugueses celebremos o dia da redenção
em que valentes guerreiros
nos deram livre a Nação.”
Ou ainda:
“O Deus de Affonso, em Ourique
Dos livres nos deu a lei:
Nossos braços a sustentem,
Pela pátria, pelo rei”
substituídas por:
“A Fé dos Campos d’Ourique
Coragem deu, e Valor,
Aos famosos de quarenta,
Que lutaram com ardor.”
Neste último caso, para além da simplificação da linguagem, foram habilmente retiradas da letra inicial alusões régias, pois, entretanto, o regime político em Portugal mudara. Precisamente, o segundo tipo de alterações respeitou à eliminação de versos que tinham acentuada carga monárquica. Assim, são retiradas quadras inteiras nas quais se fazia referência à Casa de Bragança, numa apologia real que soava desenquadrada no regime republicano. É o caso de:
“Bragança diz hoje ao povo:
"Sempre, sempre te amarei"
O povo diz a Bragança
"Sempre fiel te serei"”
e de:
“Excelsa Casa, Bragança
Remiu captiva nação;
Pois nos trouxe a liberdade
Devemos-lhe o coração.”
Importa recordar que a letra original se integrava numa peça teatral escrita e apresentada no tempo da Monarquia, dedicada ao rei D. Pedro V e estreada no dia de aniversário do rei-viúvo D. Fernando II, ao mesmo tempo que o Hino da Restauração era o tema que acompanhava o quadro final de coroação de D. João IV. O fervor monárquico da letra e a sua associação à Casa de Bragança não podiam ser mais ajustados. Porém, a grande popularidade do Hino e o facto de ser tocado sempre nas cerimónias oficiais e populares de celebração do 1º de Dezembro, depois de a República ter instituído o feriado e dado início à sua comemoração solene todos os anos, levou a uma adaptação da letra aos novos tempos.
Estas alterações na letra são fruto dos tempos, fazem parte da história contemporânea de Portugal, devendo ser contextualizas. E em nada retiram o valor do hino, um cântico à nossa Independência, ao orgulho que temos em ser Portugueses.
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