sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Revolução Amarela




A questão da limitação de mandatos tornou-se, como era evidente, um caso sério em cima das eleições autárquicas. Lançada que foi a dúvida, o movimento "Revolução Branca" generalizou legitimamente a contestação. A culpa não é sua. E há opiniões e decisões preliminares para todos os gostos. 

Muita gente fez-se de esquecida. E ainda mais gente fala do que não sabe, nem sequer foi estudar. Cruzaram-se dois debates diferentes: o real e o imaginário. Mas os sábios falam de alto e sempre com posições definitivas. Há-os também, como no futebol, a saber de tudo sem conhecer, alguns até sem ler. A confusão instalada na opinião pública é enorme, pois quase ninguém sabe o que realmente se discutiu (e decidiu) em 2005, quando a lei foi votada.

Ao facto não é alheio o profundo desprestígio dos políticos e da classe política. Desprestígio e impopularidade que a dúvida lançada de modo insidioso só veio agravar ainda mais.

Salvo erro ou omissão, os "réus" são doze: Vítor Proença (PCP/PEV - Alcácer do Sal), Ribau Esteves (PSD/CDS - Aveiro), João Rocha (PCP/PEV - Beja), Pulido Valente (PS - Beja), Francisco Amaral (PSD - Castro Marim), Pedro Lancha (PSD - Estremoz),  Pinto de Sá (PCP/PEV - Évora), Álvaro Amaro (PSD/CDS - Guarda), Fernando Seara (PSD/CDS/MPT - Lisboa), Fernando Costa (PSD - Loures), Luís Filipe Meneses (PSD/MPT/PPM - Porto) e José Estevens (PSD - Tavira).

Contra estes - e a classe política em geral - multiplicaram-se as acusações de “oportunismo”, de “golpada” – quando efectivamente a golpada é, ao contrário, procurar bloquear candidaturas democráticas na secretaria –, de “carreirismo”, de que “os políticos arranjam sempre forma de escapar às leis”, etc.

O caldo populista que tem vindo a ser cozinhado, e que a crise económica e social agravou, facilita as coisas mais absurdas e extravagantes.

Se eu, por exemplo, apresentasse um projecto de lei a defender que, pelo sim, pelo não, um deputado deveria ser preso ao fim de quatro anos, seria certamente levado em ombros, incensado em muitas manchetes e gabado como um exemplo de “isto sim, é um político sério!” O motivo dessa medida legislativa seria óbvio, sem necessidade de o dizer: “ao fim de quatro anos – pensam os deuses do populismo – um deputado ou já se encheu o suficiente, ou já fez mal que chegue. Pelo sim, pelo não vai dentro!”

Quem desdenharia apoiar ou dar palco e megafone a uma tal causa da Revolução Amarela ou similar?

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