sexta-feira, 3 de abril de 2015

Ser jovem tem vantagens, mas não é tudo


Ser jovem tem bastantes vantagens, comparativamente a ser velho. Tem-se mais resistência, tem-se mais futuro, tem-se mais vida, é-se mais bonito, tem-se mais força. Ser jovem “é ser”, ser velho é “ter sido”.

Mas não se chega a velho sem ter sido jovem; e, se quando se está velho se assume a condição não com lamúria, mas como a realidade, e não com desprezo pelos outros ou superioridade mas unicamente como se é, é uma verdade e uma vantagem. Também algo de útil há em velho ser, já ter muita “vida, vivida”!

Enquanto, ser jovem é motivo de orgulho por tudo o que atrás foi referido, mas deveria ser também e até de respeito pelos velhos entre si e pelos jovens para consigo. Como é evidente, não está a ser.

Se muitos velhos se põem a jeito para quererem ser o centro do que já não são, outros estão na velhice com tanta sobriedade que é vergonhoso como demasiadas vezes são maltratados pelos mais jovens.

E tantos que, em cerimónias, até religiosas, defendem ou mostram-se como defensores da solidariedade, da continuidade na vida, na prática no dia a dia , na família desrespeitam o que – unicamente – ostentam respeitar.

Claro que os jovens têm mais força. Claro que os jovens têm mais tempo de vida que os velhos, já tiveram. Claro que o futuro é dos jovens e nunca dos velhos. Mas aniquilar velhos mesmo que não fisicamente, antes deixando-os por cá andar, mas não os deixando decentemente viver, é o que está a ser feito com demasiada frequência, e com muitos imitadores.

E claro que se se “cultivar” numa criança o “não respeito”, a “não consideração” pelos seus mais velhos, elas não “a” terá. E isso está a acontecer com demasiada frequência.

Claro que velhos há que não merecem respeito, por não o terem e nunca o terem tido, que não consigo próprios, mas decerto que não são a maioria. E, se grande parte dos jovens assume que deve maltratar os velhos, claro que estes, no mínimo, ficam à defesa em qualquer aproximação aos mais jovens. E dividir tudo em fatias para reinar não resulta, mas demasiados jovens o fazem e outros estão a ser preparados para assim, actuarem. E não ter passado, parecer que se nasceu só de pai e mãe, nada mais de interesse havendo para trás, é muitíssimo pouco e muito sem conteúdo, mas está por demasiado a acontecer e a adoecer a sociedade com um todo, e por certo que maus frutos serão colhidos a curto prazo por quem os está a semear.



Augusto KÜTTNER DE MAGALHÃES
29 de Março de 2015

Sem comentários: