sexta-feira, 17 de julho de 2015

Um judeu que foi salvo por Cristãos quer hoje fazer o recíproco

Lord George Weidenfeld

Um judeu - como tantos, entre os quais permito incluir o meu avô materno - que em 1938, aquando do Anschluss, teve que fugir da Áustria para o Reino Unido, foi ajudado aqui neste caso por Cristãos, quer hoje fazer o mesmo com Crianças Cristãs, que estando a ser trucidadas pelo putativo Estado Islâmico, têm que fugir da Síria e do Iraque para sobreviver, e ser ajudados para que tal possa acontecer.

Nestas ocasiões de desespero, quer-se estar vivo e não perder tudo, tudo, quando a casa, o lar, os bens materiais já foram saqueados, quer-se defender a própria Vida e alguma Dignidade.

E não é de todo fácil, como me foi contado, ao vivo, por minha avó materna cá, e meu avô em Londres, que fizeram respectivamente Áustria/Porto, Áustria/Londres, também em 1938. E não poucas vezes, nas mais diversas situações, esquecemo-nos do que nos fizeram.

Aqui não está a ser o caso, e é um acto de beleza humana a realçar.

George Weidenfeld,  há 77 anos, com 18 anos, foi ajudado a fugir da Áustria - ocupada pelos Nazis - pela Organização Cristã Plymouth Brethren, que evacuou crianças em perigo, sob a ameaça Nazi.

Hoje, com 95 anos, no Reino Unido, diz querer “pagar” o que lhe foi feito por Cristãos, sendo ele Judeu. E, hoje, o que o putativo Estado Islâmico está a fazer a estas crianças é semelhante ou pior, segundo o próprio, ao que os Nazis fizeram a crianças judias em 1938, e salvas como é o seu caso por Cristãos.

O Fundo que pretende criar para fazer a ponte e salvar estas crianças cristãs Sírias e Iraquianas do opressor Estado Islâmico, está a ser um agradecimento por algo que lhe aconteceu inversamente.

E convenhamos que, para quem seja crente, seja Judeu, Cristão ou Islâmico, tem a virtude de ser crente, quando os que o não somos não a temos, mas ajudar uns de uma Religião, outros de outra Religião, como em 1938 fizeram Cristãos com Judeus, sem esperar nada em troca, e hoje ser possível repagar-lhes, é digno, muito, de ser “louvado” –  deve ser o termo mais indicado!

A minha família seria mais velha em 1938: quando fugiram, já não eram crianças, mas claro que foram ajudados, no caso, talvez não por outros de alguma Religião, mas por Pessoas dignas que o quiseram fazer.

Mas aqui, há que felicitar/louvar, George Weidenfeld, Judeu salvo por Cristãos em 1938, e hoje a querer estes salvar em circunstâncias de total brutalidade Humana! Que se repete, repete, repete…

Bem-haja George Weidenfeld!

Augusto KÜTTNER DE MAGALHÃES
16 de Julho de 2015

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