O historiador e ex-deputado bloquista-desertor Rui Tavares publicou hoje no Público um textozinho odioso contra Cavaco e Silva.
É obvio que nunca o suportou, odiou-o sempre, nem consegue disfarçar. A causa, seria segundo ele, a «indisfarçada repulsa pelo Portugal de Abril » de Anibal Cavaco e Silva.
E, acrescenta, esse «Portugal de Abril» nunca teria «engolido» Cavaco e Silva. Simplesmente, nada é tão simples que dispensa a confissão do prosador de que «Cavaco Silva marcou o país durante trinta e seis anos. Não nos lembramos de nenhum terramoto, nem ditadura. Mas não deixa de haver uma poalha de mesquinhez que cobre toda a era de Cavaco e que influencia toda a memória que possamos ter dela.» dixit.
É claro que «a teimosia dele contra o governo de esquerda era mais "Boliqueime do que Bruxelas". Juro que era só uma referência ao lugar de nascimento do então presidente. Mas tal é o poder de Cavaco Silva: houve gente zangada comigo achando que eu estava a apoucar Boliqueime.»
É evidente que era só uma referência ao local do nascimento do Presidente. Que outra coisa haveria de ser? Uma insinuação reles de que Cavaco não é mais do que um parolo de província e não um cosmopolita treinado nas artes florentinas de «Bruxelas» e do Parlamento Europeu, onde Rui Tavares passou uns tempos…?
Aníbal Cavaco e Silva está de saída. Provavelmente não o voltaremos a ver disputar lugares na política, imitando as cenas patéticas de Mário Soares. Eventualmente dará o seu patrocínio a alguma causa que considere meritória, fará algumas conferências e escreverá memórias, será Pai, Avô e marido. É muito.
Mas há uma coisa que Cavaco e Silva saberá sempre, e se não a tinha entendido antes, deverá tê-la entendido agora: a esquerda portuguesa, a tal «de Abril», a que acha que há um «Portugal de Abril», bom, contra um «Portugal de não-abril», mau, a que sonha que lhes «despejaram a polícia em cima» (Rui Tavares, Publico de 7 de Março de 2016), que combateu nas trincheiras do anti-fascismo, contra aqueles que se atreveram a pensar outro Portugal que não fosse o Portugal da reforma agrária e das nacionalizações, dos saneamentos “a la Saramago”, essa esquerda, nunca, mas nunca o «engolirá», nem poderá confessar que o consulado Cavaquista teve muito de bom, algo de mau, que nada na vida é a preto e branco, mas que, se houve algum politico da moderna democracia portuguesa que realmente mudou o País, esse politico chama-se Aníbal Cavaco e Silva.
De facto, há uma «poalha de mesquinhez» que cobre toda a era Cavaquista, toda a era que a antecedeu e toda a era que lhe sucedeu: é a caspa intelectual da esquerda velha e relha que acha mesmo que Portugal deve ser um País «a caminho do socialismo», e que qualquer outra opção é contra o Portugal de Abril.
Deve ser por isso que eu sou do Portugal de Junho…
1 comentário:
Sem falar sequer em repulsa de quem quer que seja pelo que possa ser, convenhamos que Aníbal Cavaco Silva, não teve perfil para ser PR.
Nem interessa se esteve à direita , ao centro ou à esquerda, não era facetado para ser PR!
E foi mau.
Desde o Estatuto dos Açores, onde estava cheio de razão, mas a forma como nos comunicou foi um desastre, até às Escutas, à Sua Reforma, etc...foi mau......não soube, não conseguiu ser PR , nos tempos confusos que o foi....
Ponto....
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