sábado, 17 de março de 2012

O que doeu a liberdade a Portugal

Campo de batalha das Linhas de Elvas

Há muito que se previne contra a crise do ensino da História, nomeadamente da História de Portugal, nas nossas escolas, e contra os malefícios daí decorrentes. Se o feriado nacional do 1º de Dezembro viesse a ser abolido, isso seria uma consequência desse declínio. Aliás, alguma anomia existente e a indiferença ou os disparates de boa parte das classes dirigentes a respeito das datas patrióticas, como o 1º de Dezembro, são já um eco dessa crise.

É um erro, por exemplo, reduzir a 1 de Dezembro a "uma efeméride" ou limitá-lo a uma "revolta de um grupo de 40 conjurados", como a coisa se tivesse tratado de um conjunto de pândegos bem-dispostos que, um belo dia, resolveram descer do Rossio ao Terreiro do Paço para defenestrar um cavalheiro e... "prontos! agora somos independentes outra vez." 

E há até quem nem isso sequer refira e valorize.

O 1º de Dezembro de 1640 iniciou uma longa campanha de lutas e sofrimentos pela liberdade de Portugal, uma dura guerra de 28 anos. Uma guerra travada aqui, mas também em Angola, S. Tomé e Príncipe, no Brasil, no Oriente. Só no Continente, travaram-se seis duras batalhas: Montijo (1644), Arronches (1653), Linhas de Elvas (1659), Ameixial (1663), Castelo Rodrigo (1664), Montes Claros (1665). E houve outros enfrentamentos militares como no Cerco de São Filipe, no Cerco de Elvas, em  Talavera la Real, em Vila Nova de Cerveira e, no mar, na batalha do Cabo de São Vicente. 

Não se tratou de uma brincadeira com soldadinhos de chumbo. A Guerra da Restauração, por que reconquistámos a independência de Portugal, custou milhares de mortos, até a paz ser firmada pelo Tratado de Lisboa, em 13 de Fevereiro de 1668, ainda no reinado de D. Afonso VI, mas sendo já regente D. Pedro, futuro D. Pedro II. D. João IV começou a campanha em 1640, mas já não lhe viu o fim, morrendo em 1656, doze anos antes da paz e da vitória definitiva.

Não podemos esquecer, nem diminuir esses duros e heróicos 28 anos de luta pela liberdade e pela independência, que se representam no 1º de Dezembro. Não podemos trair a memória dos mortos e combatentes que nos restituíram livre, Portugal. 

1 comentário:

João Távora disse...

"O reconhecimento desta actual dinastia de Bragança como património de todos nós é importante. Tenho a certeza absoluta de que o próximo presidente da Fundação da casa de Bragança (Marcelo Rebelo de Sousa) o vai fazer." http://www.reallisboa.pt/ral/2012/03/marcelo-vai-ter-de-reconhecer-a-actual-dinastia-de-braganca/