quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Voltaram as «technicalities»

Os heróis do mar

O deficit das contas públicas em 2001 foi de 7,4%. Foi o ano em que chamamos a troika, com uma divida à roda dos 100% do PIB.

A questão da divida sobre o PIB é interessante: em 2011 não faziam parte do célebre «perímetro orçamental» as dívidas das empresas públicas, designadamente dos transportes. A adição desses monumentais buracos, mais os avales dados pelo Estado a variadas empresas, elevaram o rácio Divida / PIB para 111,1%.

Como é evidente, qualquer comparação deste número com o dos anos anteriores (designadamente 2004 e 2005) implicaria que a esses números fosse também aditado o novo «perímetro orçamental», contas que, evidentemente, os próceres do governo não fazem.

Mas o que verdadeiramente assusta são os números do deficit: acabamos de saber, que o deficit orçamental de 2014, previsto para ser de 4,5%, foi afinal de 7,2%.

Diz Passos que não é preocupante: trata-se de 4.900 milhões de euros a mais, que foram para o BES, dinheiro que está «a render», porque supostamente o Estado o vai recuperar.

É tudo mentira nesta frase. Na verdade:

  1. O Estado contribui com 3.900 milhões para o fundo de resolução e não 4.900 milhões, tendo saído 1.000 milhões do fundo de resolução financiado pelos bancos.
  2. É facto público e notório que a venda do Novo Banco não permitiu – porque não ocorreu – saldar esta divida, nem vai permitir, porque pura e simplesmente a forma de solução do problema BES começou por reduzir drasticamente o valor do Banco. Na melhor das hipóteses, o Estado arrecadará 1.000 a 2.000 milhões e, ainda assim, sabe Deus em que condições e quando.
  3. Mas, se o buraco do Novo Banco conta para o deficit e não é «preocupante», antes rendendo «juros», diz o Passos, então por que não aplicar o mesmo raciocínio aos orçamentos da era Sócrates e descontar os efeitos «conjunturais» do buraco BPN e do desemprego?
Estamos a entrar naquela fase a que Passos chama de «mestificação» total. As mentiras sucedem-se, mas o essencial fica; e o essencial é que, depois de 4 anos de brutais aumentos de impostos, estamos de regresso ao ponto de partida – deficit acima dos 7%!

O governo de Passos inventará todas as mentiras que entender inventar, «mestificará» como melhor souber, mas a verdade, verdadinha, é que, porque não fez a reforma do Estado, nem cortou na despesa estrutural, estamos na mesma como a lesma.

E, e, ainda vivemos à sombra dos cortes temporários de rendimentos e pensões, o que, como sabemos, não vai poder durar, sob pena de inconstitucionalidade. (chato!).

Quase dá vontade de rezar para que Passos e Portas (o PP) lá fiquem e sejam obrigados a comer o que vomitaram. Cavaco é que já cá não vai estar para partilhar o repasto…

Agora, juram-nos que o deficit de 2015 vai ser de 2,7% (2,7%!). Alguém acredita que não possa é ser o dobro?

Mas que grande bando de pândegos! e mentirosos, como o Sócrates...

4 comentários:

Augusto Küttner de Magalhães disse...

E o crédito à habitação no primeiro semestre aumentou em 59% e aos automóveis em 25%! E todos acham normal?

Augusto Küttner de Magalhães disse...

Nem o Bloco , nem o PCP????

Lufra disse...

Que grande tesse económica!

Lufra disse...

Que grande tese de economia! eu mudava de profissão!