Os heróis do mar |
O deficit das contas públicas em
2001 foi de 7,4%. Foi o ano em que chamamos a troika, com uma divida à roda dos
100% do PIB.
A questão da divida sobre o PIB é
interessante: em 2011 não faziam parte do célebre «perímetro orçamental» as dívidas
das empresas públicas, designadamente dos transportes. A adição desses
monumentais buracos, mais os avales dados pelo Estado a variadas empresas,
elevaram o rácio Divida / PIB para 111,1%.
Como é evidente, qualquer
comparação deste número com o dos anos anteriores (designadamente 2004 e 2005)
implicaria que a esses números fosse também aditado o novo «perímetro
orçamental», contas que, evidentemente, os próceres do governo não fazem.
Mas o que verdadeiramente assusta
são os números do deficit: acabamos de saber, que o deficit orçamental de 2014,
previsto para ser de 4,5%, foi afinal de 7,2%.
Diz Passos que não é preocupante:
trata-se de 4.900 milhões de euros a mais, que foram para o BES, dinheiro que
está «a render», porque supostamente o Estado o vai recuperar.
É tudo mentira nesta frase. Na verdade:
- O Estado contribui com 3.900 milhões para o fundo de resolução e não 4.900 milhões, tendo saído 1.000 milhões do fundo de resolução financiado pelos bancos.
- É facto público e notório que a venda do Novo Banco não permitiu – porque não ocorreu – saldar esta divida, nem vai permitir, porque pura e simplesmente a forma de solução do problema BES começou por reduzir drasticamente o valor do Banco. Na melhor das hipóteses, o Estado arrecadará 1.000 a 2.000 milhões e, ainda assim, sabe Deus em que condições e quando.
- Mas, se o buraco do Novo Banco conta para o deficit e não é «preocupante», antes rendendo «juros», diz o Passos, então por que não aplicar o mesmo raciocínio aos orçamentos da era Sócrates e descontar os efeitos «conjunturais» do buraco BPN e do desemprego?
O governo de Passos inventará
todas as mentiras que entender inventar, «mestificará» como melhor souber, mas
a verdade, verdadinha, é que, porque não fez a reforma do Estado, nem cortou na
despesa estrutural, estamos na mesma como a lesma.
E, e, ainda vivemos à sombra dos
cortes temporários de rendimentos e pensões, o que, como sabemos, não vai poder
durar, sob pena de inconstitucionalidade. (chato!).
Quase dá vontade de rezar para
que Passos e Portas (o PP) lá fiquem e sejam obrigados a comer o que vomitaram.
Cavaco é que já cá não vai estar para partilhar o repasto…
Agora, juram-nos que o deficit de
2015 vai ser de 2,7% (2,7%!). Alguém acredita que não possa é ser o dobro?
Mas que grande bando de pândegos! e mentirosos, como o Sócrates...
4 comentários:
E o crédito à habitação no primeiro semestre aumentou em 59% e aos automóveis em 25%! E todos acham normal?
Nem o Bloco , nem o PCP????
Que grande tesse económica!
Que grande tese de economia! eu mudava de profissão!
Enviar um comentário