sexta-feira, 12 de abril de 2013

Operação buracão

International Herald Tribune, Paris - 12 Abril 2013

A imprensa internacional foi palco, nos últimos dias, de importantes revelações sobre o mundo oculto das contas offshore e dos chamados "paraísos fiscais", um mundo pantanoso onde a evasão fiscal se cruza com a corrupção, o branqueamento de capitais e a alta criminalidade. Por vezes, não se cruzam só - andam de mão dada. 

Entre nós, o assunto mereceu destaque nos principais jornais, como podemos ler no Expresso, no DN e no Público. E, por toda a Europa e no mundo, as revelações fazem manchete e ocupam várias páginas como podemos verificar numa rápida busca no PRESSEUROP, a partir, por exemplo, de notícias iniciais (“Os truques dos ricos” e “Tempestade sobre os paraísos fiscais”) ou de uma das últimas (“Segredo bancário: Paris ameaça Viena com ‘lista negra’”). 

Tudo arrancou, ao modo Wikileaks, de revelações sensacionais feitas pelo I.C.I.J. (Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação) e o assunto parece soprar uma espécie operação global em diferentes países, com pressões políticas e mediáticas e desencadeando investigações várias, além de inspirar cartoons deliciosos um pouco por todo o lado.

Este mundo obscuro gera frequentemente reacções de alguma indiferença e de complacência, sinal evidente de que muitas elites políticas e económicas ali guardam importantes interesses seus. Mas, além da injustiça que representa e dos riscos globais que a crise actual tem ajudado a pôr a nu, é também - não tenhamos ilusões - um mundo perigoso e de ligações perigosas. É pouco tudo o que for feito para disciplinar o sistema financeiro internacional, adoptar um quadro de regras comuns e sérias e acabar com estes esconderijos.

Há barreiras que vão caindo. Veremos onde tudo irá dar. E terminar.

La Libre Belgique, Bruxelas - 11 Abril 2013

1 comentário:

ISAIAS AFONSO disse...

Quantos jactos privados aterraram em Nicósia, antes da noticia sobre a cativação, que poderia chegar a 60%, dos depósitos bancários, com mais de 100.000€ ?

Mais de 2000 antes da abertura dos bancos.

O BCE fretou um navio para transporte de 5000 milhões de euros para a Ilha de Chipre,os quais foram depois levados num comboio de camiões blindados,escoltados pelo exército e por um helicóptero,até ao Banco Central cipriota,para quando da abertura dos bancos,doze dias depois do seu fecho.

A cada depositante foi autorizado um levantamento diário de 300€ e os viajantes de1000€.

Aqueles que não tiveram conhecimento do "délit d'initié" lixaram-se ,enquanto os magnates russos e árabes secaram os bancos do Chipre.

O Der Spiegel falou do caso e apresentou fotos !
A imprensa portuguesa passou ao lado.
ISAIAS AFONSO