quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cavaco Silva e os riscos de eleições gerais imediatas


Já se ouviram as posições dos partidos que não defendem a realização de eleições legislativas imediatas (PSD e CDS-PP) e a dos que, ao contrário, as têm reclamado (PS, PCP, BE).

Mas, saindo do ping-pong partidário do dia-a-dia mediático, quem é capaz de disputar seriamente estes argumentos do Presidente da República Cavaco Silva, contrários à convocação imediata de eleições como saída para a crise política que foi aberta?
  • «Iniciar agora um processo eleitoral pode significar um retrocesso naquilo que já foi conseguido e tornar necessário um novo programa de assistência financeira.» 
  •  «Os sacrifícios dos Portugueses, em parte, teriam sido em vão.» 
  •  «A realização imediata de eleições legislativas antecipadas poderia comprometer a conclusão positiva da 8ª e da 9ª avaliações da execução do Programa, previstas para este mês de Julho e para final de Setembro, o que pode conduzir à suspensão da transferência para Portugal das parcelas dos empréstimos que nos foram concedidos.» 
  •  «Um cenário de eleições legislativas, no actual contexto, seria extremamente negativo para o interesse nacional. A terem lugar proximamente, as eleições iriam processar-se num clima de grande instabilidade financeira e seria muito elevado o grau de incerteza e a falta de confiança dos agentes económicos e dos mercados no nosso País.»  
  • «Os sinais de recuperação económica surgidos recentemente iriam regredir e o investimento, que tão decisivo é para a retoma do crescimento e para a criação de emprego, continuaria adiado.» 
  •  «Com o acentuar da incerteza própria de um ato eleitoral nesta conjuntura, seria difícil reconquistar a confiança dos mercados a tempo de concluir com êxito o Programa de Ajustamento, em Junho de 2014.»  
  • «As eleições, se tivessem lugar já no próximo mês de Setembro, processar-se-iam num clima de grande tensão e de crispação entre as diversas forças partidárias, como os Portugueses têm vindo a observar. Isso tornaria muito difícil a formação, após o ato eleitoral, de um governo com consistência e solidez.» 
  •  «No momento actual, as eleições legislativas antecipadas comportam o sério risco de não clarificarem a situação política e, pelo contrário, podem contribuir para a tornar ainda mais confusa, mais precária e mais instável.»  
  • «Depois de tantos sacrifícios que foram obrigados a fazer, depois de terem mostrado um admirável sentido de responsabilidade, os Portugueses têm o direito de exigir que os agentes políticos saibam estar à altura desta hora de emergência nacional.»
Está aí alguém para discordar de forma sólida e séria?

Impõe-se que PS, PCP e BE mostrem se são, ou não, forças políticas que colocam «o interesse nacional acima dos seus interesses partidários, até porque todos estão conscientes da gravidade extrema da situação em que nos encontramos». Iremos ver se PS, PCP e BE merecem, ou não, aquela «confiança no espírito patriótico das forças políticas» que o Presidente manifestou, com a «esperança num futuro melhor para todos os Portugueses.»

Especialmente o PS. Mas os outros também.

Aliás, é minha posição que este apelo do Presidente não se dirige apenas ao Partido Socialista, mas a todos, incluindo PSD e CDS-PP, bem como PCP e BE: «Era da maior importância que os partidos políticos adoptassem, desde já, uma atitude de maior abertura ao compromisso e ao trabalho em conjunto para a resolução dos complexos problemas que Portugal terá de enfrentar no futuro.»

Ninguém está exonerado do dever de trabalhar e de agir para salvar Portugal.

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