Transcrevo um texto de João Lobo Machado, originalmente publicado no aceprensa.pt, no passado dia 24 de Março:
Fernando, o semeador
Nestes dias, têm-se multiplicado as homenagens e as palavras de reconhecimento pela sua valiosa obra e pela marca, indelével, que deixa na sociedade Portuguesa. Testemunham-no todos aqueles que o conheceram de perto - a própria família, os alunos da Escola Naval, os companheiros das inúmeras iniciativas cívicas, os muitos amigos que tinha - mas, igualmente, a própria sociedade civil. Elogiam o seu trabalho e as suas enormes qualidades, que soube, sempre, pôr ao serviço do bem comum.
As cerimónias fúnebres, incluindo o cortejo até ao cemitério, foram marcadas por uma impressionante moldura humana. Familiares, colaboradores, amigos e admiradores, quiseram dizer o último adeus e prestar uma merecida homenagem e alguém que se preocupou em ser útil à sociedade, servindo os outros.
Quem o conhecia bem admirava a sua inteligência, organização, perseverança, espírito de luta, enorme fé e um amor incondicional à família, a que juntava uma característica adicional que era uma gargalhada absolutamente contagiante.
Todos estes talentos, o Fernando partilhou com aqueles que com ele se cruzaram e aplicou nos distintos desafios que a vida lhe foi colocando e que ele, com enorme dedicação e paixão, foi abraçando. Salientam-se, de entre eles, o trabalho inestimável que fez na Associação das Famílias Numerosas, a defesa da vida, os referendos sobre o aborto, a participação e intervenção na sociedade.
Numa palavra, a sua atenção era defender e valorizar a família, a verdadeira célula base da sociedade. O Fernando e a sua mulher, Leonor, foram, pois, uns verdadeiros Embaixadores da Família.
A realidade da sociedade Portuguesa não tem sido nada favorável aos valores da família, razão pela qual mais se enaltecem as causas pelas quais o Fernando se bateu. Algumas já deram os seus frutos, enquanto outras deixaram a sua semente, bem cuidada. Caberá, agora, a cada um de nós, regar essas sementes e fazer o que nos toca para que elas frutifiquem e gerem muitos frutos.
Como homenagem ao Fernando, que bom seria que muitas empresas, associações e demais entidades, definissem e adoptassem, publicamente, o estatuto de Amigas da Família.
Parafraseando o Padre Henry Scott Holland, que dizem ter sido inspirado em Sto. Agostinho, a morte não é nada; o Fernando agora está do outro lado, à nossa espera, mas continua a pensar em e a rezar por nós.
Estou certo que Deus, contente com a forma como o Fernando usou e multiplicou os talentos que recebeu, já o recebeu na Sua casa.
Bem hajas, Fernando, por tudo o que fizeste e por aquilo que, para nós, alcançaste e semeaste.
João Lobo Machado
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