Está na altura de tirar o velho Vladimir Ilitch do armário!
A primeira é que «eles» que adoram agora chamar fanáticos
e radicais aos "austeritaristas", detestam que lhes chamem radicais a
eles.
Vamos lá a decompor isto: desde 2010 que na esteira de alguns
Autores americanos, a esquerda europeia começou
a chamar “austeritaristas” aos que defendem a austeridade orçamental na Europa como forma de correcção dos anteriores desmandos orçamentais
e do crescimento exponencial das dívidas públicas.
Ser “austeritarista” passou a ser visto como uma
opção maldosa, ideológica, cujo objectivo é beneficiar os de «cima» em relação aos de «baixo», uma nova versão da teoria do «1% contra os 99%»...
A austeridade orçamental, a que a esquerda moderada chama “rigor”, não foi evidentemente uma opção
de ninguém mal intencionado, foi uma
necessidade, um expediente, dentro e fora da zona euro, destinado
a permitir aos estados funcionar, apesar de tudo.
Para a esquerda, trata-se de
uma opção, uma opção ideologicamente motivada. Atribuem essa opção à direita, e portanto é uma opção maldosa, de ricos contra
pobres.
Neste ponto, a pergunta a
fazer é a de saber qual seria a outra
opção, a de pobres contra ricos...
Dito isto, num ponto - e um
ponto muito importante - os ideólogos do «libertarianismo» orçamental, têm razão: a austeridade era um expediente correctivo, nunca podia
ser encarada como um fim em si mesmo. Ao colocar, por imposição dos alemães, o combate a uma inflação, aliás inexistente, acima dos
interesses do crescimento econômico, a ortodoxia financeira
acima dos interesses das pessoas, a Europa condenou-se a anos de recessão, anomia econômica, desemprego elevado,
falta de horizontes.
Só podia dar mau resultado e deu.
A segunda coisa, é que da parte de quem passou a melhor parte do século vinte a defender teorias de totalitarismo e o
esmagamento da pessoa humana, acusar os outros de fanatismo ou radicalismo, é até anedótico.
Não escapa a ninguém a semelhança deliberada entre austeritarismo e autoritarismo. Para a
esquerda, uma coisa é a outra.
Mas essa assimilação forçada, implica que haja de facto
uma opção libertária ao austeritarismo. Há?
Se há gostaria de saber qual é.
Olhando para o programa do
novo menino bonito da esquerda, o Syrisa, fica-me a impressão que a opção há-de situar-se algures entre a perseguição à classe média alta (os ricos, com uma fortuna superior a um milhão de euros, essa bolada...) e a nacionalização das empresas ditas estratégicas.
Pensei que na minha vida,
depois do 25 de Abril, não voltaria a passar por isto,
mas vejo que me enganei: essa esquerda velha e relha, que sonha desde 1917 com
uma noite revolucionária, que liquide de vez a
burguesia, está aí de novo, cabeça erguida e novos
protagonistas, pronta a voltar a liquidar a burguesia.
Em terceiro lugar, começo a descortinar laivos muito claros de um regresso a 75, a
esses momentos revolucionários, entre a revolução etíope e a portuguesa e a tomada
de Saigão pelos comunistas. Mais os kmers bem vermelhos.
First
we take Manhatan then we take Berlin. Pois.
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