segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O nó do cego


Correia de Campos publica, hoje, no PÚBLICO um interessante artigo sobre o novo tratado intergovernamental europeu que se anuncia. O artigo chama-se exactamente «O tratado».

O relato e o diagnóstico que faz merecem cuidada leitura e atenta ponderação. E, na verdade, este Tratado, não sendo propriamente um nó cego, mais parece o "nó do cego". Obedece a uma certa visão muito em voga em Berlim, mas comunga de uma religião difícil de vender mesmo aos mais crentes: a ideia de que é possível tranquilizar e satisfazer os "mercados" por políticas agrilhoadas nas paredes jurídicas de um tratado. A realidade já serviu para mostrar que essa crendice em nada corresponde à realidade, nem à dinâmica dos factos. Mas quem manda, manda... e os os outros obedecem.

Correia de Campos termina o artigo, afirmando: «O tratado é uma peça da política da direita europeia pura e dura, não a direita da democracia cristã. Durará enquanto durar esta maioria de pensamento. O seu destino é cair, substituída por um novo consenso, mais sensível aos valores da solidariedade. Sem esquecer a disciplina orçamental, mas sem a erguer em dogma universal e culpabilizante.»

Ainda bem que isentou a democracia-cristã de responsabilidades ideológicas nesta coisa. Mas também tenho dúvidas sobre a acusação que faz à "direita". A direita conservadora de Cameron rejeitou frontalmente o tratado (embora por motivos que Correia de Campos não acompanharia) e a República Checa, igualmente à direita, também se afastou na última Cimeira. 

Melhor é responsabilizar somente os cegos que empurram este comboio e acreditam nestes nós. O tempo tratará de uns e de outros. Oxalá não nos leve a nós também...

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