quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Cultura p'ró galheiro, o Bloco está primeiro!


Hoje de manhã, foi discutido na especialidade o Orçamento de Estado para 2013 na área da Cultura. Espanto geral... o Bloco de Esquerda faltou! Três horas de intenso debate com o secretário de Estado, Jorge Barreto Xavier, com perguntas e respostas e muita interactividade. Mas nem um só segundo para ouvir alguma ideia, uma breve palavra, um sussurro que fosse do Bloco de Esquerda.

A habitual porta-voz do Bloco de Esquerda nas políticas culturais é a deputada Catarina Martins, recentemente eleita co-líder do Bloco de Esquerda, actriz de profissão, licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, mestre em Linguística e doutoranda em  Didáctica das Línguas, como pode ler-se na sua nota biográfica.

São bem conhecidas pela forte sonoridade do gargarejo as suas diatribes contra o desempenho dos governantes na área da Cultura, a ansiedade que representa, a angústia que sinaliza, a indignação que exibe, a reclamação permanente na ponta da língua e no dedo esticado  mas hoje...  baldou-se! Em dia de greve geral, também fez greve ao Parlamento.

Ao que consta, preferiu andar pelos piquetes da greve geral em vez de ser pontual e cumpridora ao desempenho do seu mandato, como deputada na Assembleia da República. Preferiu a propaganda arruaceira do Bloco ao mandato democrático do mesmo Bloco. Desprezou por completo a Cultura, a política cultural para 2013 e o debate do seu orçamento.

Em rigor, a deputada Catarina Martins não fez greve. Esteve em trabalho político, na rua em vez de no Parlamento. Mas esta sua escolha de trabalho político diz tudo: a Cultura p'ró galheiro, o Bloco está primeiro!

Com isso, também ficou ainda mais incompreensível a bicefalia da nova liderança do Bloco. Tendo, agora, dois líderes, o Bloco de Esquerda poderia mais facilmente dividir o seu trabalho: um na rua, outro em S. Bento. Ia João Semedo para os piquetes e Catarina Martins para a bancada. Assim... p'ra quê?

1 comentário:

José Ribeiro e Castro disse...

Este texto do Esquerda.net confirma:

http://www.esquerda.net/artigo/deputados-do-bloco-em-greve/25472

Os deputados do BE não fizeram greve (o que também mereceria crítica, diga-se.) Os deputados do BE estiveram em trabalho político como deputados. Mas estiveram em trabalho político como deputados no sítio errado: na rua com os piquetes, em vez de nas comissões com a representação democrática.