segunda-feira, 3 de agosto de 2015

A energia mais cara da Europa



Acabam de sair os dados com o Índice de Preços Domésticos de Energia (Julho 2015). Não há dúvida nenhuma: temos os preços mais caros de toda a Europa!

Apesar do memorando com a troika e das repetidas chamadas de atenção que a troika tem feito contra este factor que pesa sobre as famílias (e, em paralelo, penaliza também a nossa economia e a sua competitividade), os poderosos e influentes lobbies do sector têm conseguido resistir, continuando a beneficiar de protecção e rendas excessivas. 

Quem paga? O consumidor. E também um perigoso défice tarifário, que vai acumulando, debaixo do tapete, uma perigosa dívida escondida.

Preços domésticos de electricidade, incluindo taxas e impostos,
em paridade de poder de compra, em várias capitais europeias (Julho 2015)
[cêntimos de euro por quilowatt-hora]
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A primeira vítima desta questão foi o secretário de Estado Henrique Gomes, afastado por querer ir mais longe, na defesa da economia contra os interesses de alguns - o que motivou grande festa dos líderes da EDP. Mais tarde, aproveitando a crise de Julho 2013, também o ministro Álvaro Santos Pereira, que nunca desistiu de tentar ir mais longe, foi de viagem e malas aviadas.

Assim, como vemos no quadro acima, numa base efectivamente comparável (paridade de poder de compra), Lisboa está a pagar quase o triplo de Helsínquia e 50% acima da média europeia.

O relatório de Julho 2015 merece ser visto, em pormenor, por quem tenha interesse. Aí vemos que, mesmo não usando a paridade de poder de compra, Portugal é o quarto país com a electricidade mais cara, pagando Lisboa quatro vezes mais do que Belgrado e praticamente o dobro de Budapeste, Bucareste, Helsínquia e Zagreb. Como todos sabemos, somos muito mais ricos que a Finlândia... 

E também no gás, como podemos confirmar pelos gráficos na mesma fonte, comparamos mal: somos, em preços domésticos, os terceiros mais caros da Europa em números absolutos; e, em paridade de poder de compra, os segundos mais caros, pagando os consumidores nacionais quase o dobro da média europeia.

Um problema que importa atacar a sério na próxima Legislatura.

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