Não me recordo de umas listas feitas assim, em toda a
história do CDS: se o CDS-PP tem hoje um grupo parlamentar de 24 deputados, todos
os primeiros 24 candidatos às próximas eleições - os "elegíveis" - foram escolhidos,
designados e colocados pelo Presidente do partido.
Era hábito haver um Regulamento de candidaturas, que
regula o processo de escolha a nível distrital e fixa, acima disso, a chamada
"quota nacional" e os limites do poder de designação do Presidente e
da direcção nacional. É, aliás, aquilo que os Estatutos estipulam. Desta feita, nem
isso foi feito.
No primeiro ciclo da presidência de Paulo Portas
(1998/05), a questão da "quota nacional" foi algumas vez discutida. É
que parecia injusto que, com grupos parlamentares de 14 ou 15 deputados, todos
os efectivamente eleitos acabassem por ser os escolhidos pelo líder, uma vez
que indicava os dois a quatro primeiros de Lisboa e Porto e, depois, todos os
demais cabeças-de-lista - e, noutros círculos, o CDS só elegia precisamente 1 deputado.
Quando fui Presidente (2005/07), defini que o Presidente
só teria o poder de designar até 1/3 do previsível grupo parlamentar (isto é, 1/3 dos
"elegíveis") e concentraria essas escolhas nos círculos onde elegêssemos
mais do que um deputado. A ideia era a de, numa lógica de crescimento, não penalizar
o trabalho político dos distritos que se esforçassem por conquistar
ou manter representação parlamentar,
"roubando-lhes" o deputado a que fizessem jus. Não cheguei a fazer
listas, pois o meu mandato não chegou ao fim, como é sabido. Mas alguma coisa ficou dessa evolução.
Assim, no segundo ciclo da presidência de Paulo Portas
(2007/...), quer em
2009, quer em 2011, Paulo Portas teve de articular com os distritos muitas das
escolhas, nomeadamente nas zonas de crescimento. Nos círculos de "crescimento",
o cabeça-de-lista passou a ser do distrito; e, noutros, o segundo candidato, a
seguir ao cabeça-de-lista. Foi o caso de Hélder Amaral, Serpa Oliva (e, depois,
Paulo Almeida), Abel Baptista, Artur Rego, Altino Bessa, Manuel Isaac, Raul
Almeida e João Viegas. E, mesmo nos círculos de Lisboa e Porto, não será
difícil encontrar entre os quatro a cinco primeiros de 2009 e 2011, candidatos estreitamente
envolvidos no trabalho distrital, sendo impossível discernir se eram da
"quota nacional", se de escolha distrital.
Agora, voltou-se duramente para trás; e seguiu-se, de
modo brutal, um autoritarismo total, que nunca existira: "São 24? Pois escolho
24!" O Presidente decidiu. Está decidido.
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