O que se passou na escolha dos candidatos do PSD e do CDS-PP que integrarão as listas PàF às eleições legislativas de 4 de Outubro põe bem em evidência quanto a coligação teria a ganhar, se tivesse optado por realizar eleições primárias em cada um dos partidos que a integram. Foi uma ideia que defendi nas últimas semanas.
Os dois líderes teriam sido poupados ao desgaste político de arbitrarem rivalidades; as listas seriam efectivamente representativas; as correntes e sensibilidades estariam arrumadas de forma justa; e o processo de escolha teria constituído um forte momento de mobilização partidária a partir da base. O simples facto desta mobilização geral pré-eleitoral, conjugada com a ampla representatividade traduzida nas listas, poderia assegurar uma vitória com maioria absoluta em Outubro. Seria o poder da transparência, da legitimidade e da união de todos. António Costa tinha prometido primárias no PS e acabou recuando, não as fazendo. A coligação surpreenderia o Partido Socialista no seu terreno, colhendo ainda mais vantagem para si.
Infelizmente, o ímpeto reformista desta PàF é baixo. Quanto à reforma eleitoral, as palavras são tímidas - sabe-se, ainda, que Paulo Portas é contra mexidas no sistema. E nem imaginação e ousadia própria houve quer do CDS, quer do PSD para ensaiar este paliativo imediato de aproximação eleito/eleitor.
A experiência de primárias feita pelo Livre/Tempo de Avançar podia ter inspirado. Mas o sistema preferiu uma vez mais o poder no quiosque à representatividade expressiva da democracia.
Um dia, a casa vem abaixo.
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