quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O "rating" da República dos bananas


Os noticiários da manhã estão dominados pela nova linha dos socialistas: NÃO PAGAMOS!

As notícias são numerosas e não deixam margem para qualquer dúvida sobre o pensamento do vice-presidente da bancada do PS, Pedro Nuno Santos. Portugal deve suspender o pagamento da sua dívida, algo que - garante o líder distrital dos socialistas em Aveiro - deixará «as pernas dos banqueiros alemães» a tremer. Em colorido estilo marimbeiro, o influente deputado socialista garante que se está a «marimbar para o banco alemão que emprestou dinheiro a Portugal nas condições em que emprestou», acrescentando: «Estou a marimbar-me que nos chamem irresponsáveis. Temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagamos».


Além do vídeo acima, as notícias da TSF, da Agência Financeira e da TVI-24 são também muito claras. Absolutamente indesmentíveis.

O discurso no jantar socialista foi bem mais do que um desabafo nocturno, numa qualquer excitação de celebração partidária. É a manifestação de uma teoria socialista, que já aflorara há dias na mui afamada declaração de José Sócrates de que a dívida não é para pagar: «A minha visão é que para países como Portugal e Espanha a ideia de que agora é preciso pagar a dívida é uma ideia de criança. As dívidas dos países, pelo menos foi o que eu estudei em economia, são por definição eternas.»

É fácil perceber, neste quadro, a contínua degradação do rating da República Portuguesa, precipitando-nos no precipício. Essa queda no abismo, que marcou os últimos anos da governação Sócrates e ainda não conseguimos recuperar, deveu-se a dois factores: um, objectivo, a calamitosa situação das finanças públicas e das contas externas a que os governos do PS nos conduziram; outro, subjectivo, a percepção internacional e dos mercados de que os socialistas, ao modo grego, não tencionavam pagar, por mais declarações oficiais que fizessem em contrário e compromissos que assinassem.

O que estas declarações confirmam é a subjacente reserva mental de relevantes e influentes sectores do PS. É sobretudo a eles - e a essa estrondosa irresponsabilidade - que devemos boa parte dos escandalosos juros que todos temos que pagar. Devemos essa parcela colossal do fardo que nos fazem carregar à profunda desconfiança que estas correntes geram e aprofundam. Uma tão arreigada convicção contra o pagamento da dívida de certeza que era, de há muito, sensível e detectável pelos mercados - agora, a coisa limitou-se a vir à superfície.

Vida difícil tem, por isso, o líder parlamentar Zorrinho. Já tinha tentado desvalorizar as lições de Sócrates. Teve agora que fazer o mesmo com o seu vice-presidente de bancada. E percebe-se bem, pelo frenesim dos "esclarecimentos", o embaraço que estas revelações do espírito socialista provocam nas próprias hostes. Já antes isso acontecera com Sócrates, que teve de regressar brevemente ao prime-time televisivo para tentar corrigir o incorrigível. Agora, o mesmo sucedeu a Pedro Nuno Santos, empurrado a clarificar o clarificado:


A verdade notória é a de que há uma forte - talvez mesmo dominante - corrente do PS que alinha pelo diapasão dos "indignados", pelo tom de Daniel Oliveira (Dizer à máfia que não pagamos) e da  campanha do MRPP de Garcia Pereira: Não pagamos!. Boas companhias e gloriosas inspirações.

Depois deste episódio, o rating da República dos bananas baixou de lixo para o nível de "lixeira pútrida". E, após da enorme baralhada na tentativa de "esclarecimento" de Pedro Nuno Santos, o rating de referência consolidou-se mais um degrau abaixo: no nível "aterro sanitário".

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