A muitos comentadores, quer cá dentro, quer no exterior, ainda causa estranheza - e aos irresponsáveis, raiva - a aparente docilidade com que, em Portugal, as medidas duras do memorando da troika foram recebidas, a amplíssima maioria obtida em eleições pelos partidos que o subscreveram (PS, PSD e CDS-PP) e a forma conformada como os portugueses aceitaram mudar de vida. O contraste com a Grécia não podia ser mais flagrante.
Desta austeridade ninguém gosta. Mas toda a gente parece compreender. Por isso, os protestos são poucos; e os que acontecem parecem sempre contidos, quase rituais.
A explicação é muito simples: nós, portugueses, somos todos doutorados em Economia Internacional. Não há tasca, tasquinha, casa de pasto, mercearia ou drograria de bairro, casa de ferragens, ou estabelecimento de comes-e-bebes que não ostente, por aí, o cartaz e o emblema da primeira lição de economia prática: "Queres fiado? Toma!"
A festa socialista acabou. Bordalo foi um grande mestre.
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