Os generais Armando da Cruz Neto (FAA) e Abreu Muengo "Kamorteiro" (FALA) assinaram o acordo de paz. |
No passado dia 4 de Abril, celebrou-se o 10º aniversário do Memorando de Entendimento do Luena, rubricado primeiro nesta cidade capital do distrito do Moxico, no interior angolano, e solenemente assinado no Palácio dos Congressos, em Luanda, em 4 de Abril de 2002.
Este Memorando, acordado entre o governo de Angola e a UNITA, comprometendo também os militares das duas partes, pôs termo em definitivo a longos anos de guerra civil. E, apesar de contradições e dificuldades iniciais, tem resistido àquela que havia sido a prova mais difícil – e, anteriormente, sempre impossível de vencer – de outros acordos entre os contendores angolanos: a prova do tempo.
A guerra civil angolana, claramente influenciada pelo clima dos anos finais da chamada “guerra fria”, provocou milhões de mortos, feridos e estropiados, outros largos milhões de deslocados e refugiados e uma vastíssima destruição de equipamentos e infra-estruturas nacionais. O dramático rasto deixado pela guerra civil, em 2002, ao fim de 27 anos de combates entre diferentes forças beligerantes, era absolutamente devastador.
Após o fracasso dos acordos de Bicesse e Lusaka e, antes deles, de Alvor e Gbadolite, o Memorando do Luena e o seu êxito evidenciam o patriotismo das partes signatárias, politicas e militares, traduzindo, em circunstâncias muito duras, críticas e sensíveis, uma criação inteligente e uma solução original angolana, que fica como exemplo para o mundo e marco de referência inspirador para o fim de outros conflitos, nomeadamente no continente africano.
Desde que a paz se instalou, a partir de 2002, Angola iniciou caminho, sólido e progressivo, de reconstrução nacional, com acentuado crescimento económico nos últimos anos, e uma rota de afirmação e consolidação paulatina de instituições democráticas. As eleições legislativas de 2008 e as próximas eleições legislativas e presidenciais de 2012 são, apesar de todos os percalços, o sinal desse desenvolvimento, ao mesmo tempo que o debate avança quanto à realização também de eleições autárquicas.
Sem prejuízo das diferenças entre os diferentes actores e partidos políticos, bem como das dificuldades em fazer emergir rapidamente uma sociedade de pleno funcionamento livre e democrático no quadro concreto que marca a história angolana, Angola nunca mais conheceu a tragédia dos confrontos político-militares e quer solidificar-se num contexto de normalização institucional e de um Estado democrático de direito.
Angola preside, hoje, à CPLP e, graças à paz de 2002 e ao espírito de reconciliação nacional, os seus progressos políticos, económicos e sociais são seguidos com atenção por todo o mundo.
A Angola e aos angolanos, enviamos um abraço fraterno, fazendo votos por que o espírito criador do 4 de Abril perdure para sempre na terra e no coração dos angolanos e os ajude a construir e a enraizar uma sociedade cada vez mais próspera e socialmente justa, em democracia e liberdade, num quadro de paz e de Estado de direito.
Queremos que Angola seja referência para África e no mundo.
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