No domingo passado, fui até Baião, a convite do Luís Teixeira, que dirige o CDS local. As campanhas que fiz com o CDS do círculo do Porto, em 2009 e 2011, em Baião, Santa Marinha, Santa Leocádia e outras terras desse concelho remoto do Porto duriense, foram memoráveis a vários títulos. Volto lá sempre com muito gosto.
Era dia de Feira do Fumeiro e do Cozido. Estavam lá também outros colegas do círculo. A recepção não foi propriamente a coisa mais entusiástica e fraterna - efeitos do Conselho Nacional de sexta-feira anterior e daquilo que se conhece. As pessoas não são de pau. Mas, aos poucos, o ambiente geral foi desanuvinando e o jantar acabou em grande. Para isso, contribuiu não só a descontracção e abertura das bases do partido, mas sobretudo uma surpresa de última hora: Tino de Rans!
Lembram-se dele? O Tino tornou-se uma estrela nacional num célebre Congresso do PS, nos anos '90, quando o Secretário-Geral era ainda Guterres. Arrancou um discurso de improviso que encheu os noticiários e reportagens. Depois, a televisão andou a exibi-lo. Foi candidato a várias coisas, como a presidente da Câmara Municipal de Valongo. É uma figura única, um tipo castiço: extrovertido, expansivo, amigável, senhor de uma lata descomunal.
O Tino andava lá por Baião. Saudou-me de longe e, no final, abeirou-se e sentou-se à nossa mesa. Andava a promover e a vender um livro seu. Chama-se "Há pressa..." e não é um livro qualquer.
Tirou uma série de exemplares de dentro de um tacho, onde os transportava, explicou: «Este livro é um jornal, um jornal para 10 anos. Estou cansado do poder da televisão, quero as pessoas a ler e a pensar e isto é um "decanal": coisas para as pessoas lerem ao longo de dez anos. Daqui a dez anos, faço outro.» Cada livro custa 10 euros e o Tino arrecadou ali, à nossa mesa, uns 50 a 60 euros. Tino é um grande vendedor.
No livro colaboram "50 personalidades", que ele convidou a participar no projecto e que corresponderam ao desafio. Tino é criativo e empreendedor.
Perguntei-lhe se isto dava para atravessar dez anos. Esclareceu por que cada livro era um "decanal": para 10 anos, sim, mas em cada ano sairia um novo volume, num jornal em 10 volumes sucessivos. Ou seja, todos os anos, o Tino renovará o seu "jornal de 10 anos". Tino é, de facto, empreendedor e um grande vendedor!
A capa desta primeira edição é um quadro escolar clássico, uma ardósia preta, com o "Há pressa..." escrito a giz. Explicou o Tino: «Uma criança chega à escola e pensa que este quadro preto é uma parede. Mas logo vê que não. É uma janela aberta para o mundo, uma janela que lhe abre o mundo.» O Tino é um filósofo! Foi uma grande noite.
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