O que posso fazer pelo meu Portugal?
Posso e devo defender-lhe a Memória, a Identidade e a Autoestima.
Faz poucos meses que estou na presidência da Direcção da SHIP – Sociedade Histórica da Independência de Portugal – fundada em 1861, há pouco mais de cento e cinquenta anos, por quarenta patriotas anti-iberistas, de entre os quais avulta a figura de Alexandre Herculano, tendo por objecto estatutário a defesa da Independência, Individualidade, Identidade, Memória, Autoestima, Língua e Cultura do nosso velho Estado-Nação. Agora, acabo de levar um murro no estômago – e comigo, creio que quinze milhões de Portugueses, residentes no País e na Diáspora –, murro que consistiu na agressão tecnocrática da nossa actual classe política, a qual nos pretende privar do feriado nacional identitário do 1º de Dezembro de 1640.
Ora, se há feriado indiscutível, este é o do 1.º de Dezembro, data sine qua non dos demais. Na verdade, se não tem existido a Restauração da Independência, em 1 de Dezembro de 1640, não haveria 5 de Outubro, 10 de Junho, 25 de Abril ou qualquer outro, porquanto a agenda dos feriados nacionais seria fixada por Madrid. Quanto muito, a Região Autónoma de Portugal, provavelmente com o título honorífico de Reino, celebraria o seu Dia da Autonomia.
Se há feriados indiscutíveis, estes são o 1.º de Dezembro e o 10 de Junho, datas que unem a Nação Portuguesa, em torno dos seus Bandeira, Hino, Valores, Memória, Identidade, Língua, Cultura, Gentes e Heróis.
Há pouco mais de cem anos, o Governo Provisório da Iª República, cerca de uma semana decorrida sobre o 5 de Outubro de 1910 – concretamente, a 12 de Outubro – definiu com lucidez os feriados incontornáveis de Portugal, sem distinção de civis e religiosos.
Foram nomeadamente o 1.º de Dezembro, o 5 de Outubro, o Natal, o Ano Novo... Os Portugueses, durante um século, evocaram as efemérides referidas – sem contestação nem divisões – às quais acrescentaram, mais tarde, o 10 de Junho, o 25 de Abril e o 1º de Maio.
Os feriados do 1º de Dezembro e do 10 de Junho são, indiscutivelmente, insubstituíveis, por neles se evocar a essência da Portugalidade. Sem a Restauração, no dia 1º de Dezembro de 1640, Portugal não celebraria quaisquer outros feriados, porquanto a Portugalidade estaria dissolvida na Hispanidade e a Língua Portuguesa subalternizada à Língua Castelhana. Ao 1.º de Dezembro deve Portugal a sua Independência e a universalidade da Língua e Cultura Portuguesa.
Também, sem o 1.º de Dezembro de 1640, provavelmente não existiriam Brasil, Angola ou Moçambique, como grandes Estados-Nação de Língua Portuguesa. E os demais países e regiões da Lusofonia ou Luso-esfera – unidos pelo Mar que Portugal sulcou – seriam distantes reminiscências de uma muito remota soberania lusitana.
Um Estado que não comemora, como seu principal feriado, o dia da Independência é um Estado bastardo, sem dignidade nem valores. Alguma vez os Estados Unidos pensariam em deixar de evocar o Independence Day?
Recorda-se que a Guerra da Restauração se não travou só com a Espanha, na Terra e no Mar, mas também contra a França, no Brasil, e os Países Baixos, no Brasil, em África e no Oriente.
A Restauração mobilizou a Nação Portuguesa, na Europa e no Ultramar, combateu e venceu as potências que a ela se opuseram. E Portugal recuperou a sua Independência plena.
Na União Europeia a 27, são 18 os países cujo Dia Nacional - o feriado mais importante – anuncia a respectiva fundação ou independência.
A Assembleia da República não pode apagar do calendário oficial de Portugal aquele feriado em que celebramos o valor incontornável da nossa independência nacional – a Assembleia da República tem o dever de não votar nesse sentido. E, se isso acontecesse, o Presidente da República não o poderia subscrever e avalizar – como representante máximo da República Portuguesa e garante da independência nacional, o Presidente da República deveria exercer o veto político contra tamanho ataque ao espírito de Portugal e da sua História.
A SHIP – Sociedade Histórica da Independência de Portugal – hoje como no decurso dos últimos 150 anos – convoca os Portugueses para que, fazendo prevalecer o bom senso, defendam a preservação do Feriado do 1.º de Dezembro de 1640. O feriado sine quod non.
José Alarcão Troni
(Presidente da Direcção da SHIP)
1 comentário:
A 1 de Dezembro comemoramos a recuperação da independência e da soberania nacionais. Quem não compreender isto não é seguramente português. A 1 de Dezembro a duquesa de Mântua, representante dos Áustrias, fez a trouxa e foi-se embora. Quem não compreender isto não é seguramente português. A 1 de Dezembro retomámos o nosso diálogo com a História. Quem não compreender isto não é seguramente português. Por mais que se lhe explique este Governo não compreende isto. Creio bem que não é seguramente português.
ubleriJosé Alarcão Tróni estamos contigo!
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