General Vasco Gonçalves, primeiro-ministro de Portugal em 1974/75 |
Foi em 6 de Outubro de 1974, um domingo. Era primeiro-ministro o célebre Vasco Gonçalves e ministro do Trabalho o não menos célebre Costa Martins. Decretaram "um dia de trabalho para a Nação", em que toda a gente teve de ir trabalhar à borla.
São memórias saborosas do PREC. O Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra, recorda a coisa assim:
6 de Outubro "Um dia de trabalho para a Nação" proposto pelo Primeiro Ministro. Um domingo é transformado em dia útil de trabalho oferecido gratuitamente pelos trabalhadores ao país. A adesão é significativa e o resultado financeiro desta campanha será dias mais tarde estimado pelas entidades oficiais competentes em cerca de 13 000 contos.
É disso que me lembro de imediato quando, a favor da eliminação do feriado nacional do 1º de Dezembro, oiço o argumento de que «não há nada mais patriótico do que cada um de nós dar o seu contributo para reaver a independência económica do país». Não é isto que está em causa, nem é este o problema.
Ironias à parte, convém reflectir um pouco mais na fragilidade deste argumento.
Eu conheço e reconheço a grande dificuldade da situação do país, envolvendo nomeadamente a necessidade de trabalharmos mais - não é isso que está em causa. Se fosse imperativo dar não um, mas dez "dias de trabalho para a Nação", eu daria de bom grado os dez dias de trabalho para a Nação - isso tocaria em dez feriados; ou até em domingos, como com a dupla Vasco Gonçalves/Costa Martins.
Todavia:
1º - como não vamos estar em crise eternamente, essa linha não significaria a eliminação de feriados, mas, quando muito, apenas a sua suspensão provisória enquanto durasse o programa de emergência; e
2º - o que está em causa nem é a eliminação de alguns feriados, mas não aceitar que se comece por pretender abolir precisamente o mais importante de todos eles, o 1º de Dezembro.
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