As audições, ontem e hoje, das ex-ministras da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues e Isabel Alçada, confirmam a linha essencial da acção política dos governos Sócrates e do PS nesta matéria: a intervenção massiva era indispensável sobre o conjunto das escolas, que estavam muito degradadas; o novo instrumento usado (uma EPE) era o único adequado, rompendo com o tradicional modelo anterior das Construções Escolares e do PIDDAC ; o legado deixado é notável; mau é que o programa tenha sido interrompido. E, ao mesmo tempo, firme negação de críticas surgidas: «não houve derrapagens»; e «não houve excessos». Os efeitos na economia teriam sido mesmo tão bons que fica-se com a ideia de que o PS defenderia até a existência de mais "Parques Escolares" para pôr a economia nacional a andar... - o conhecido discurso do efeito salvífico e quase mágico do investimento público.
Estamos diante de uma completa desfocagem da realidade e do problema.
Não se nega a legitimidade de os Governos PS, tendo identificado um problema de ordem geral e não especificamente de uma ou outra escola isoladamente, adoptarem um novo instrumento de intervenção geral: uma nova empresa pública para intervir, massivamente, num programa global de reabilitação das edificações escolares. Daí, provavelmente, a empresa chamar-se "Parque Escolar": tratava-se de uma intervenção global sobre todo o parque escolar, e não apenas sobre algumas escolas, consideradas de modo avulso.
O problema fulcral, porém, além de outros aspectos também relevantes (propriedade e gestão das escolas intervencionadas, por exemplo) está no modelo de obra e na estratégia seguida: "tudo à grande!" O problema é Sócrates e o PS terem definido uma estratégia insustentável, melhor dito, mais uma estratégia insustentável: insustentável quanto à continuidade do esforço de investimento; e insustentável quanto a muitos dos novos custos correntes induzidos para as escolas e seu funcionamento.
É isso que levou à completa ruptura do sistema, à impossibilidade de poder prosseguir o programa e ao impacto muito negativo na sustentação corrente dos novos custos incorridos.
O modelo socialista, falsamente keynesiano, de "Parques Escolares" para dinamizar a economia, provou mais uma vez ser errado - e ruinoso! A pergunta a fazer não é «Era preciso?» ou «As obras justificam-se?» O problema é se há dinheiro e como.
Hoje, a pergunta indispensável, para prosseguir, é: Quem financia? A verdade é que mais ninguém financia. Assim como a pergunta indispensável quanto ao passado legado é: Quem paga a dívida gerada? E a verdade é que não temos economia capaz de suportar os níveis de endividamento a que os Governos PS conduziram Portugal. Ou seja, as "Parques Escolares" não dinamizam a economia, mas afundaram as finanças e a economia.
A estratégia definida para a "Parque Escolar" foi uma outra SCUT, uma ilusão a somar a tantas outras ilusões - que ficaram caras. A ilusão do "sem custos para o utilizador" significa "com custos para o contribuinte". E o contribuinte não pode mais!
Bem sei que há socialistas que pensam «não pagamos», «não é preciso pagar, basta gerir». Mas não é verdade. Foi tudo mal gerido; e, agora, estamos exactamente a pagar tudo isso. E a que preço! A que preço colectivo!...
1 comentário:
Entretanto, o mais esperto e desonesto governante que Portugal já teve passeia-se por Paris, em festa, resguardado nas malas de dinheiro que as muitas ppps lhe deram, a ele e às ministras do regime, da vaca gorda à excelente canavilhas .
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