O Euronews é uma história de sucesso à europeia. E nós, portugueses, fazemos parte dela.
1. Está em crescimento contínuo desde o começo em 1993, então apenas com serviços em cinco línguas: inglês, espanhol, francês, alemão e italiano.
2. A língua portuguesa juntou-se em 1999. Foi a sexta língua e tornou-se um sólido pilar. A emissão em português é já recebida em 100 milhões de lares em todo o mundo. E está também no portal www.euronews.net e na distribuição permanente da emissão televisiva nos tablets e telemóveis – em português, na linha da frente da tecnologia na informação internacional.
3. Ao fim dos primeiros dez anos, em 2002, o Euronews já chegava a 125 milhões de lares em 78 países. Nos últimos cinco anos, duplicou a sua distribuição a nível mundial: hoje, está em 350 milhões de lares de 155 países nos cinco continentes.
4. É distribuído 24 horas por dia, 7 dias por semana, em 11 línguas diferentes em simultâneo em todo o mundo, incluindo em árabe, russo, turco, ucraniano e persa. E tem ainda emissões locais, em tempo parcial, em romeno, sérvio e lituano.
5. É acessível directamente, nas respectivas línguas, a 3,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo, mais de metade da população mundial, por via hertziana, cabo, satélite e meios electrónicos.
6. É recebido em hotéis, nos aviões de grandes companhias, em ADSL, pela Internet e várias plataformas, nos computadores de mesa e portáteis, nos telemóveis, smartphones e tablets.
7. A emissão portuguesa é vista em Portugal por 800.000 telespectadores por dia, mais do que a CNN, a Sky, a BBC. É ainda seguida em todo o mundo nos países da CPLP, nas diásporas portuguesa e lusófonas e por todos os que querem seguir o português como língua estrangeira.
8. Transmite permanentemente para Portugal informação europeia de grande diversidade e de primeira qualidade. É instrumento importante para superar e vencer a nossa “periferia mental” relativamente à Europa e sua actualidade. Ajuda-nos a não sermos “euro-analfabetos”.
9. O multilinguismo do Euronews, incluindo em português, é uma importante vantagem comparativa do canal face a outros canais noticiosos internacionais monolingues.
10. A equipa editorial integra 400 jornalistas de 20 nacionalidades, que comparam, analisam e debatem constantemente, evitando pontos de vista pessoais ou estritamente nacionais. Mas tem uma visão compreensiva, aberta a diferentes agendas e sensibilidades e de múltiplas fontes directas, e não um olhar apenas americano, ou apenas inglês, ou apenas francês.
11. Tem uma parceria de trocas com a Eurovisão, televisões nacionais accionistas (como a RTP) e com as agências de imprensa e de TV.
12. Na Europa, o Euronews é seguido, todos os dias, por 7 milhões de telespectadores, quatro vezes mais que a CNN e 8 vezes mais que a BBC World.
13. É o canal internacional de informação preferido na Europa, na África e no Médio Oriente – o nº 1.
14. É a cara da Europa para o resto do mundo. E nós viajamos nela e com ela.
15. É recebido em 181 milhões de lares na Europa, 68 milhões na América do Norte, 57 milhões na África e Médio Oriente, 27 milhões na Rússia, 8 milhões na Ásia/Pacífico e 2,5 milhões na América Central e do Sul.
16. É o canal de informação preferido das elites. Através dos diferentes meios de distribuição, é seguido todos os meses por 14 milhões de quadros de alto rendimento, de que milhão e meio vêem todos os dias os seus noticiários televisivos. O multilinguismo do canal é chave deste sucesso – segundo inquéritos internacionais e ao contrário das ideias feitas, apenas 39% das elites seguem programas informativos em inglês.
17. É uma referência de organização e gestão, com um orçamento modesto para tudo isto: gasta somente 60 milhões de euros/ano, um décimo do orçamento da CNN, cerca de 1/5 do da RTP. Viu reconhecida pela Comissão Europeia a excepcional relação custo/eficácia.
18. O custo suportado por Portugal com o serviço em língua portuguesa é inferior a 2 milhões de euros/ano. O custo para os novos membros é de 6 milhões de euros anuais, o triplo.
19. O investimento feito por Portugal para ter o serviço de língua portuguesa em todo o mundo equivale a menos de 2 cêntimos/ano por cada lar que o recebe nos cinco continentes.
20. A equipa de língua portuguesa, que assegura mais de 8.700 horas de emissão anuais e os conteúdos do portal Internet, é composta por 33 jornalistas, dos quais 16 residentes. Além da emissão geral, a equipa produz peças noticiosas de foco português e lusófono, com conteúdos de política, economia, desporto, sociedade, cultura, ciência ou informação geral, que são simultaneamente difundidas para todo o mundo em todas as diferentes línguas do canal: isto é, em 11 línguas, para 155 países em todos os continentes, chegando a 350 milhões de lares e podendo ser entendida na própria língua por mais de metade da população mundial. É Portugal no mundo inteiro.
21. Na competição linguística internacional, o Euronews multilingue, ao incluir a nossa língua, serve permanentemente a compreensão de que o português é uma grande língua de comunicação internacional. Desaparecer é perder. Estar é crescer.
22. No quadro simples de uma parceria informativa multilingue à escala mundial, é um instrumento natural de divulgação directa e de afirmação evidente do português enquanto terceira língua europeia global e a sétima língua mais falada no mundo.
23. A língua portuguesa, que é um instrumento importante de internacionalização da nossa economia e de afirmação do país e da lusofonia, tem no Euronews um meio que, sendo já potente, tem virtualidades ainda maiores, à espera de serem aproveitadas e exploradas, não de serem deitadas ao lixo. É missão clara de serviço público.
24. O Euronews tem potencial de forte crescimento próximo, em todos os continentes e, em especial, na América Latina e na Ásia/Pacífico, onde o atraso comparativo de penetração é visível. Ambas são regiões mundiais relevantes para a língua portuguesa e a internacionalização da nossa economia.
25. Há mais línguas prontas a juntar-se a este grande canal internacional multilingue. A nova sede mundial do Euronews, em 2014, vai permitir novo salto em frente.
Acabar com o Euronews em português seria um facto absolutamente incompreensível - apenas por inadvertência. Ou, o que seria pior, por capricho desastroso. Porque o Euronews é barato e está a crescer. Porque é europeu e global. Porque leva a nossa língua, de um país que quer ser europeu e global. Porque já lá estamos, a construir e a afirmar. Porque é um comboio a ganhar penetração e velocidade. Não podemos apear-nos. Não podemos deitar-nos a perder. Há até várias alternativas para assegurar e porventura repartir o financiamento, além do Orçamento de Estado e da própria RTP, a saber: o próprio valor para o Euronews, a Comissão Europeia, a lusofonia, os distribuidores por cabo. Não podemos desistir.
[artigo de opinião que publiquei na edição de hoje do jornal PÚBLICO]
2 comentários:
Pode ter as boas e melhores razões do mundo para que os jornalistas continuem por la... mas enquanto for o estado e por conseguinte, eu, a pagar para la estarem... esquece...
Isto é mais uma despesa não necessária, tantas outras prioridades neste momento...
Compreendo o ponto de vista. Mas por essa ordem de ideias, não pagamos a manutenção dos monumentos, não pagamos laboratórios do Estado, não pagamos investigação científica, não pagamos a diplomacia, não pagamos promoção turística pública, não pagamos venda da imagem do país e dos seus vinhos, etc., não pagamos nem rádio, nem televisão públicas, não pagamos talvez a Defesa, não pagamos museus, música ou bailado, etc.
O custo deste canal em língua portuguesa é de 1/150 da RTP. Calculo que corresponda a 1/25 da RTP-2. Querendo efectivamente poupar, o Estado, em vez de alienar um canal, suspendia as emissões da RTP-2, punha aí a emissão do Euronews em contínuo e poupava, só aí, 48 milhões de euros/ano.
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