O pai de uma cunhada minha adoeceu há três anos. Uma coisa cancerosa. Primeiro, foi operado - correu bem. Depois, começou a piorar. De há dois anos para cá, o quadro foi decaindo, pouco a pouco. Destino marcado.
Passou o último Natal ainda relativamente bem. Virado o ano, a situação agravou-se rapidamente. Há uma semana, entrou em coma. Aguardávamos a notícia da sua morte a qualquer momento.
Na passada quinta-feira, chegou triste notícia. Morreu... a mãe. Não esperávamos. Telefonei à minha cunhada a exprimir os sentimentos e a consolá-la. Há alturas assim.
Na sexta-feira, faleceu o pai, doente desde há três anos. Telefonei de novo a dar os sentimentos. Acho que, do nervoso, ainda rimos ao telefone. Primeiro, quinta... depois, sexta-feira. Há alturas assim, em que as páginas parecem virar todas ao mesmo tempo.
Estou a chegar, agora mesmo, da missa de corpo presente. O salmo era bem conhecido: «O Senhor é meu pastor, nada me faltará.» Lá estavam os dois caixões: da Maria Eugénia, 72 anos, e do Manuel, 76 anos. Sempre lado a lado. Tinham começado a namorar em 1961. Depois, casaram e tiveram os filhos; e netos também. Celebraram as Bodas de Prata, já não as Bodas de Ouro. Partiram juntos. Com menos de 24 horas de diferença. O enterro é amanhã de manhã.
Há histórias absolutamente extraordinárias.
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