sexta-feira, 6 de março de 2015

Assim vai, vai…


Secretário-geral do PS refere ainda que aguarda esclarecimentos do primeiro-ministro sobre o caso das dívidas à Segurança Social


Ups! desculpem, queriam falar do outro António?

António Costa era até há um ou dois meses o putativo primeiro-ministro «in waiting». Era só esperar que o País, farto de Passos, lhe caísse nas mãos. 

Foi-se comportando como «daqui a tarda nada sou PM» até que… foi falar a uns chineses e parece que disse umas coisas que não quadram com a liderança da oposição: que lhes agradecia terem acreditado em Portugal quando o País estava péssimo; agora está diferente.

Aqui para nós que ninguém nos ouve, eu pensei que A Costa, um homem inteligente, experiente e vivido, ia assumir a sua putativa condição por inteiro, começando por varrer a testada de um problema com que se vai defrontar na campanha eleitoral, a saber, o facto de o governo em funções ter, de facto, tirado o país da bancarrota iminente e do descrédito.

Qualquer campanha eleitoral em que este facto seja disputado, só pode correr mal a quem o disputar. Daí, pensei eu, Costa estava fazer uma limpeza preliminar. A evacuar da discussão um problema que só o é, se ele quiser que seja. Como quem diz: «sim, o País está diferente, já não estamos na bancarrota iminente, houve muitos méritos do BCE, houve muita asneira deste governo, mas de facto está diferente e quero dar os parabéns aos portugueses a cuja coragem, estoicismo, disciplina e sentido da responsabilidade devemos o facto de ter dado a volta. Mais faltaria que tendo o povo português feito todos os sacrifícios, viesse agora este governo de lacaios dos alemães, que se limitou a cumprir as ordens da Troika, arrogar-se o mérito da vitória de Portugal.

E agora que este empecilho saiu da frente, vamos falar dos nossos planos para o futuro: querem continuar a falar do deficit, ou vamos falar de reabilitar a sociedade portuguesa e do crescimento da nossa economia?»

Mas enganei-me: afinal Costa não tinha a intenção de dar os parabéns a ninguém, e quase assume que foi um erro de comunicação, porque afinal teria estado a dizer bem do Governo… Como se os quase 50% de imposto (IRS) que eu pago não contassem para nada.

Digo isto, porque em vez de se assumir como o porta-voz dos portugueses, que querem de facto mudar, em vez de anunciar a sua visão para o País, António Costa tratou rapidamente de arranjar causa de embaraço para o PM: as indisciplinas fiscais e parafiscais de Passos Coelho.

A este nível já está a descer ao nível mais reles e rasteiro do BE e do PCP. Esses são os especialistas do moralismo bacoco de pacotilha. Aos olhos deles, qualquer desgraçado que se esqueça de uma obrigação fiscal, ou se atrase no seu cumprimento, é um bandido. Costa agora está a descer a esse nível, a fazer esse tipo de política.

Afinal, a história dos chineses foi mesmo uma gaffe. Que pena… Podíamos ter um 1º Ministro in waiting, afinal temos um tiro-ao-flanco. Assim não só não ganha as eleições, como nos faz perder a nós qualquer esperança que outra forma de governar Portugal é possível.

É que chapéus há muitos...

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