terça-feira, 31 de março de 2015

Reforma






A existência de uma reforma implica vivência da realidade, não podemos ter a tropofobia que nos atrapalha na análise objectiva do Serviço Nacional de Saúde e consequentemente na sua restauração.

Assistimos a uma metamorfose da sociedade, analisando a realidade em Portugal.

Diminuição da Taxa de natalidade, taxa de natalidade das mais baixas da União Europeia; aumento da esperança média de vida; somos um exemplo de um dos Países mais envelhecidos da União Europeia com previsão de diminuição de população nas próximas décadas; os médicos, sobretudo os dos cuidados primários de saúde, são o grupo profissional mais envelhecido do SNS; retiraram-se para a reforma, entre 2010 e 2014, um número superior a 2.100 médicos, mais do dobro dos cálculos efectuados pelo Estudo das Necessidades Previsionais de Recursos Humanos em Saúde, realizados pela ACSS; mesmo assim, revelando dados comparativos por 100.000 habitantes, Portugal tem 398 médicos, a Grécia 624 e não tem melhor resposta, o Reino Unido 272, a Alemanha a Espanha e a Irlanda respectivamente, 385, 393 e 410; o rácio de enfermeiros em 10 anos passou de 4 para 6 por 1.000 habitantes.

Aumentam a cada dia as correntes de opinião, de que o sistema de saúde não pode ser gerido como tem sido, deve adaptar-se às mudanças da sociedade e seguramente irão ser aprofundadas acções conjuntas na União Europeia que permitam a sustentabilidade do sistema.

Quando se pensa na reforma da saúde, deve reflectir-se as próximas gerações de profissionais, se são o bastante para assegurar cuidados de saúde a uma população cada vez mais envelhecida. Hoje temos uma população com doenças crónicas que afectam 80% das pessoas com mais de 65 anos (cancro, diabetes, obesidade,...). A oncologia muitas das vezes passou de uma situação muito grave para uma situação crónica.

Assistimos a esta metamorfose, mas o objectivo é um sistema de saúde defensável, sustentável se pagarem o que realmente funciona. Para isso é necessário desenvolver base de dados Nacionais e Europeias com informação sobre os doentes tratados e melhores práticas em cada área.

O orçamento para a saúde em 2015, aumentou face a 2014, passou para €7.908M com o Serviço Nacional de Saúde a receber mais €145M. Aumento de €455M no capital estatutário dos hospitais, houve investimento selectivo com diminuição dos passivos, regularização das dividas, sob condição de não haver acumulação de novos pagamentos em atraso. Em 4 anos foi injectado nos hospitais públicos um financiamento adicional de €2.920M.

Perguntamos: Os hospitais continuam falidos? Resposta: Sim!

A saúde do futuro, deve assentar essencialmente na prevenção, na responsabilização e informação dos cidadãos, na reorganização dos cuidados e nas novas tecnologias que são transversais.

Se queremos continuar com o Serviço Nacional de saúde, universal e com qualidade, temos então de transformar radicalmente a forma de prestar serviços.

A prevenção está subfinanciada ( já esteve pior), o cancro está subfinanciado comparativamente com outras áreas terapêuticas, a média europeia é quase o dobro.

A saúde hoje, não pode, não deve ser só Ministério da Saúde, mas também, Segurança Social, Economia, Emprego, Ambiente, etc. 

A saúde é um pré requisito para o crescimento e o emprego.

A informação e a sensibilização dos cidadãos deve ser provocada, para obtermos benefícios gerais.

A capacidade de movimentar informação é extraordinária. Quantas pessoas conhece que não tem telemóvel? Muito poucas. A internet e a sua expansão, os novos modos surpreendentes como é usada e abusada. Podemos enfim dizer que as nossas necessidades são mais velozes do que a capacidade do Governo em satisfazê-las.

Na reorganização dos cuidados, fica a análise para outra ocasião, no entanto é aconselhável reforçar o número de profissionais de saúde em especial ligados à Geriatria e no apoio a idosos.

Há cada vez mais hospitais e cuidados de saúde de proximidade?

Ajustando tudo isto, as novas tecnologias são o motor da mudança, desde a monitorização à orientação dos doentes, podem ser feitas no domicilio. Novas tecnologias cirúrgicas, são menos invasivas e desencadeiam menor tempo de internamento. Por último os medicamentos mais avançados e mais caros obrigam a criar plataformas de negociação e monitorização permanentes, os imunomoduladores biológicos entre Janeiro e Novembro de 2014 levaram o SNS a gastar €236M.




João Varandas Fernandes

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