Para encerrar a série dos votos de protesto destas eleições europeias em Portugal, importa registar um último: o 6º voto de protesto, este dirigido contra a comunicação social.
Não foi só o fenómeno MPT, encabeçado por Marinho Pinto, a romper o bloqueio e a eleger dois eurodeputados. Os resultados eleitorais mostram que os partidos sem assento parlamentar somaram mais de 16% dos votos expressos. Ora, esta foi uma caminhada do silêncio, um voto furando o quase silenciamento.
Se os órgãos de comunicação social, sobretudo as televisões, tivessem mais ginástica e equilíbrio editorial e cobrissem com igualdade as diferentes candidaturas - sobretudo quando se trata de fenómenos novos -, os resultados seriam porventura bem diferentes. E talvez, sobretudo, a abstenção fosse bem menor, quando as pessoas mostram tanta saturação de votar sempre nos mesmos.
Há uma censura subtil, ou nem tão subtil, que não está certa e merece correcção. Além do MPT (que teve algum êxito), também as candidaturas do Livre, do PAN, do PPV e do PDA poderiam ter melhor sorte com uma cobertura equilibrada e uma atenção justa. Mas todos os chamados "pequenos partidos", mesmo os mais antigos e tradicionais, têm razões de queixa. Por isso, os mais de 16% que em conjunto reuniram representam um protesto contra a discriminação e a censura selectiva.