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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Sondagens que acertam




Evolução das sondagens em França
 (1ª volta das eleições presidenciais 2017)

De França, vem uma aparente novidade contra-corrente: as sondagens acertam!

Os resultados eleitorais desta 1.ª volta das eleições presidenciais francesas não tiveram qualquer surpresa face ao que as últimas sondagens já indicavam, com o decorrer da campanha, e as projecções logo apontaram, ao fecho das urnas. Um facto que merece ainda maior realce, se levarmos em conta a significativa alteração de dados de ponderação e análise, pela “débacle” de partidos tradicionais e a emergência de significativos factores novos.

É um gosto confirmá-lo pela comparação da última sondagem IPSOS (sond.) no fim da campanha, com a primeira projecção IPSOS da noite eleitoral (proj.) e com os resultados finais completos, aqui apresentados pelo Le Monde (res.).

Assim:
  • Emmanuel MACRON (sond. 24%; proj. 23,9%; res. 24,01%)

  • Marine LE PEN (sond. 22%; proj. 21,7%; res. 21,30%)

  • François FILLON (sond. 19%; proj. 20,0%; res. 20,01%)

  • Jean-Luc MÉLENCHON (sond. 19%; proj. 19,2%; res. 19,58%)

  • Benoît HAMON (sond. 7,5%; proj. 6,3%; res. 6,36%)

  • Nicolas DUPONT-AIGNAN (sond. 4%; proj. 4,8%; res. 4.70%)

Os mais estudiosos poderão verificar como as sondagens e projecções acertaram até quanto aos candidatos com votações mais baixas. E podem analisar toda a evolução numa exaustiva página Wikipédia. Limpinho, limpinho!

terça-feira, 12 de abril de 2016

A margem de erro

Sondagem AXIMAGE - Abril 2016

Surpreendeu-me a excitação provocada nalguns círculos à direita pela última sondagem da Aximage, publicada pelo Correio da Manhã e pelo Jornal de Negócios.
 
Devo dizer que, da minha experiência, habituei-me a respeitar as sondagens da Aximage: são as que erram menos e acertam mais. A minha reserva não é, portanto, por desconfiança; mas por não ver nos números quaisquer motivos para festas. Os comentários festivos e celebratórios, porém, abundaram.
 
Racional e objectivo foi Nuno Garoupa, que, num post no Facebook, comentou: «tudo na mesma seis meses depois das eleições... os 38,6% do PàF dividem-se agora em 33,5% do PSD e 4,3% (sic) do CDS.» E, na verdade, se formos ver os números da sondagem do mês anterior, o quadro é substancialmente o mesmo: então, os 38,6% do PàF dividiam-se por 36,1% do PSD e 2,2% do CDS.
 
Em resumo: a coisa não mexe.
 
Olhando ainda aos números, não vejo que alegria se possa sentir no PSD por baixar de 36,1% para 33,5%, nem tão-pouco no CDS por "subir" de 2,2% para 4,2%. Será que ter previsões de 4,2% são motivo de festa? Ou antes motivo de preocupação?
 
Nem os números pessoais de Assunção Cristas (13,1 pontos, numa escala de 20) servem de consolação, mesmo comparando com a última avaliação anterior de Paulo Portas (apenas 6 pontos). Primeiro, normalmente, os novos líderes recebem sempre primeiras avaliações muitos positivas, que, depois, entram em declínio - é, portanto, indispensável aguardar pela evolução nos próximos meses. Em segundo lugar, estas avaliações dizem muito pouco - Paulo Portas, por exemplo, que, na Aximage, via sucederem-se as avaliações negativas, aparecia, quase sempre, em alta no painel da Eurosondagem. E, terceiro, a "popularidade" dos líderes pouco ou nada tem a ver com a votação atribuída aos partidos, como podemos confirmar por todos os casos apresentados neste mesmo exemplo concreto.
 
Mais importante - e objectivo - é atentarmos, quanto ao CDS, na margem de erro da sondagem. A margem de erro apresentada na Ficha Técnica é de 4,0%. Ou seja, o CDS tanto pode ter subido como descido face à sondagem anterior. No anterior inquérito, tanto podia valer 6,2% como ter passado para abaixo de zero. E, neste, tanto pode valer 8,2% como 0,2%, ou qualquer valor intermédio.
 
É muito arriscado - e um bocadinho tolo - querer tirar conclusões de sondagens quanto a partidos com baixa expressão numérica. E festejar estes números, quanto ao CDS em particular, só pode partir de quem queira mal ao CDS.
 
O CDS continua a aparecer como o quinto partido, o que é muito mau. Foi aí, aliás, que a direcção anterior o deixou: lanterna vermelha parlamentar.
 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sondagens para domingo

Assim estão as sondagens para a votação para as eleições presidenciais, no próximo dia 24 de Janeiro. Domingo à noite, já saberemos.


CESOP/U.Católica: DN/RTP/JN
 
Intercampus: Público/TVI
 
Aximage: Correio da Manhã/Jornal de Negócios

Eurosondagem: EXPRESSO
 
 


terça-feira, 29 de setembro de 2015

As sondagens "tutti fruti" e os resultados eleitorais

Sondagem diária TVI/Público/TSF, pela Intercampus

A novidade de várias tracking polls diárias ao longo desta campanha eleitoral e a apresentação simultânea de sondagens clássicas (como a da Eurosondagem para Expresso/SIC, no sábado passado) introduziram grande perplexidade e alguma confusão quer no cidadão comum, quer nos comentários e reacções ao longo da campanha.

Não tem sido caso para menos. Não foi só a discrepância nos valores apresentados pelos diferentes inquéritos, mas também - e sobretudo - a própria contradição nas tendências apresentadas: frequentemente, quando uma dava uns a descer, outra aparecia com esses a subir... E vice-versa. O que alimentou um clima de sondagens tutti fruti, sondagens praticamente para todos os gostos.

Porém, fosse por milagre, magia, contágio ou "ajeitamento", as tracking polls têm vindo a convergir nos resultados apresentados, estreitando a margem de diferenças entre contendores eleitorais, quanto àquelas que chegaram a apresentá-las muito pronunciadas. Hoje, os resultados não diferem muito: PàF entre 38% e 40%, PS entre 32% e 34%, CDU nos 8% a 10%, BE na casa dos 7%, os outros partidos a valerem entre 4% e 5%.

Sondagem diária RTP/JN, pelo CESOP/Univ. Católica - 28.set.2015

Sondagem diária Correio da Manhã, pela Aximage

Hoje à noite, estarei numa tertúlia com Pedro Magalhães, um reputado especialista destas artes. E está anunciada também uma grande sondagem Intercampus para TVI/Público/TSF, já com simulação de voto em urna. Verei se isso ajudará a esclarecer-me, sobretudo quando sondagens há (RTP e TVI) que ainda estão a apresentar uma fatia muito elevada de indecisos (valores acima de 20%) a apenas cinco dias das eleições.

O que parece estável é que a coligação PàF terá, a 4 de Outubro, um resultado acima do PS - e provavelmente folgado. Surpreende-me o espanto que isto tem gerado, sinal de pouca memória política e pouca atenção ao histórico do nosso sistema. Como já aqui escrevi há muito, Menos de 40% é sempre resultado medíocre para a coligação. Ora, leiam por favor esse post.

Na verdade, 40% é, historicamente, a "maré baixa" de PSD e CDS - quando perdem, normalmente perdem com esse score agregado; quando ganham, têm de ganhar com bem mais do que isso, isto é, com maioria absoluta parlamentar, que se obtém a partir de cerca de 45%.

Importa ter presente que PSD/CDS são a totalidade da "direita eleitoral"; e, portanto, ou alcançam a maioria absoluta, ou ficaremos submetidos a uma maioria de esquerda vencedora. PSD e CDS, coligados, têm "obrigação" de ficar sempre à frente do PS, pois para os socialistas, que repartem a "esquerda eleitoral" com dois actores relevantes (PCP e BE) e ainda numerosos pequenos partidos, é muito difícil (e raro) atingirem sequer os 40% e praticamente impossível chegarem à maioria absoluta, que só alcançaram uma vez.

Ora, o que as sondagens - e o ambiente geral - apontam é que o PS não está a ter qualquer sucesso na captação do voto útil de esquerda, sendo bem evidente a capacidade de resistência (e até de crescimento) dos PCP e BE, a que haverá que somar ainda os votos recolhidos por vários pequenos partidos. Há, aliás, muitas e boas razões para o PS não conseguir atrair e concentrar o voto de toda a esquerda: [1] a memória de Sócrates, que não é boa e pesa muito; [2] as maiores garantias que PCP e BE oferecem aos crentes e devotos do discurso "anti-austeritário"; [3] o histórico de acordos "centrais" do PS, gerando desconfiança à esquerda; [4] o caldo eurocrático com que o PS está também comprometido, diversamente dos pequenos partidos e de PCP e BE. Neste clima, creio que o PS poderia festejar se chegasse aos 35%, o resultado histórico de Mário Soares em 1976.

Numa estratégia de que discordo, a PàF tem evitado falar em maioria absoluta parlamentar.  E a verdade é que, a continuarem as coisas assim, poderá perder, ganhando ou parecer ganhar, perdendo. Por exemplo, se os resultados fossem como as sondagens indicaram ontem e hoje de manhã, esse seria o travo amargo de dia 4: PàF à frente, mas triunfo e prevalência da maioria de esquerda.

Os votos é que falarão, a 4 de Outubro. E se, de facto, os indecisos são ainda tantos e se são eles que decidirão, será interessante acompanhar como acabarão por decidir: se darão maioria parlamentar à PàF ou se manterão esta desenhada maioria de esquerda; e, se, havendo maioria de esquerda, darão mais peso ao PS ou deixá-lo-ão assim em lume brando, cercado ou ancorado em PCP, BE e outros.

Grande curiosidade também sobre os novos pequenos partidos (Nós, Cidadãos, JPP, Livre, Agir, PDR,...), que as sondagens têm sempre muita dificuldade em apanhar - lembremo-nos do que aconteceu com o MPT nas últimas eleições europeias. Não é provável que nem MPT, nem PDR repitam a proeza, mas será interessante ver se algum consegue furar o tenso clima de bipolarização aguda e pôr algum pé dentro do círculo dos lugares cativos do Palácio de São Bento.

sábado, 8 de agosto de 2015

Menos de 40% é sempre resultado medíocre

Fonte: www.Legislativas2015.pt
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Desde Maio passado, a coligação PSD/CDS aparece, nas diferentes sondagens publicadas, com valores percentuais entre os 34% e os 38%: normalmente ligeiramente atrás do PS; uma vez empatada; e outra à frente. E tais números têm inspirado em círculos da coligação desde suspiros de alívio a expressões de entusiasmo. Foi o caso com a sondagem de hoje da Eurosondagem para o EXPRESSO, onde a PàF surge com 34,8%, um ponto e meio atrás dos socialistas.

Objectivamente, não é caso para isso. 
 
Tudo o que seja a coligação satisfazer-se com menos do que a maioria absoluta é erro político crasso. E tudo o que seja consolar-se com registos abaixo dos 40% é aplaudir a mediocridade.

Surpreende-me como círculos dirigentes podem animar essas perspectivas tão limitadas; e espanta-me como comentadores acreditados e editores ou jornalistas de política podem embarcar num erro de análise tão grosseiro.

Para quem conhece o quadro eleitoral e a história democrática do país, há duas balizas de análise incontornáveis:
  • O PSD e o CDS-PP têm obrigação de nunca somarem menos de 40% dos votos em eleições nacionais.
  •  O PSD e o CDS-PP, coligados, têm, por regra, a obrigação de serem sempre maiores do que o Partido Socialista em eleições nacionais.

Por um lado, o chão histórico dos dois partidos, isto é, a sua maré baixa, corresponde a esse limiar mínimo de 40%, que ficou fixado nas primeiras eleições legislativas de 1976: 40,33% foi o que, então, somaram, em eleições ganhas pelo PS com 34,89%. 
 
De então, para cá, salvo recentes excepções desastrosas, nunca PSD e CDS (a “direita” eleitoral) obtiveram menos de 40% em eleições nacionais. Soares Carneiro perdeu as presidenciais de 1980 com 40,23%; e Freitas do Amaral perdeu as de 1986 com espantosos 48,82%. À saída de Cavaco, nas legislativas de 1995, PSD e CDS, com Fernando Nogueira e Manuel Monteiro, perderam para Guterres (43,76%), somando 43,17%. Em 1999, com Durão Barroso e Paulo Portas, voltaram a perder para o mesmo Guterres (44,06%), somando 40,66%. 

As excepções desastrosas vieram, a seguir a Barroso/Portas, graças a erros de palmatória iniciados sempre na abordagem errada de eleições europeias, com listas conjuntas PSD/CDS. Nas europeias de 2004, a coligação PSD/CDS caiu para 33,27% - o que, menos de um ano depois, daria a soma de 36,01% nas legislativas, com Santana Lopes e Paulo Portas; e trouxe-nos a maioria absoluta de Sócrates (45,03%), junto com a maior maioria de esquerda parlamentar de sempre. Agora, nas últimas europeias de 2014, o tombo foi monumental para a vergonha de 27,71% - o pior resultado de toda a história, inferior ao péssimo imaginável e muito abaixo dos 34% que PPD e CDS obtiveram, somados, em eleições disputadas debaixo de coacção revolucionária: as constituintes de 1975. 
 
As expectativas que estas catastróficas eleições europeias deixaram para as próximas legislativas são, por isso, muito baixas; mas isso não significa que nos alegremos com menos do que o mínimo. Sobretudo com o PS a fazer tanta asneira e, diriam os da aldeia de Astérix, "o céu a cair-lhe em cima da cabeça".

Por outro lado, PSD e CDS, concorrendo coligados, têm sempre - sempre - a obrigação de, como regra, superarem o PS. Aqui, nem é preciso recorrer à história eleitoral; basta olhar a realidade política e pensar um bocadinho. 
 
PSD e CDS são toda a “direita” eleitoral. Já o PS reparte a esquerda com vários outros: PCP e BE, pelo menos; depois, sem falar nos “pequenos”, também com os novos PDR e Livre. Ora, por isso mesmo, o Partido Socialista tem muita dificuldade em chegar à maioria absoluta (metade mais um), coisa que a “direita” já conseguiu várias vezes: com a AD por duas vezes em 1979 e 1980; com Cavaco Silva, em 1987 e 1991; com Durão e Portas, em 2002 (soma de 48,93%); com Passos e Portas em 2011 (soma de 50,37%). E o Partido Socialista tem mesmo dificuldade em obter mais votos do que PSD e CDS somados: Mário Soares nunca o conseguiu; Almeida Santos, Constâncio e Sampaio também não; Guterres conseguiu-o das duas vezes, mas uma à justa; e Sócrates só o conseguiu da primeira vez, a da maioria absoluta. Em 2009, cabe lembrá-lo, Sócrates ganhou as eleições só com 36,56% dos votos; mas, somados, PSD e CDS tiveram mais que isso: 39,54% - isto é, tiveram os 40 pontos da praxe, os 40 pontos da maré baixa. 

É certo que, teoricamente, seria compreensível que a dureza da governação em crise, com troika e pós-troika, pudesse conduzir, agora, a uma maré baixa eleitoral PSD/CDS. Mas esta maré baixa seriam exactamente os 40% da história eleitoral do país – e, mesmo assim, estariam a levar uma "tareia" de 10 pontos percentuais abaixo da vitória de 2011. 
 
Satisfazermo-nos com menos do que isso e deitarmos foguetes com sondagens de resultados medíocres é que é alegria dos tristes. E semente de derrota.