sábado, 4 de fevereiro de 2012

O Carnaval da política

A decisão do Governo de não dar tolerância de ponto no Carnaval gerou reacções várias, que não primam de um modo geral nem pela lucidez, nem pelo sentido de proposta. Muitas escondem simples antagonismos ou ressentimentos latentes. Não comentarei todas as reacções, mas as que têm mais significado político.

Destas, destacam-se as que mostram o PCP e o BE fundamentalmente no mesmo registo: contestação pela contestação.

Francisco Louçã lançou o soundbyte de que "o Carnaval não é um baile, é um direito". Mais exactamente, disse isto: «A existência de uma tolerância de ponto, de um dia em que não se trabalha no Carnaval, é um direito das pessoas, não é um baile, é um direito das pessoas fazerem o que querem, é um dia em que não são obrigadas a trabalhar de graça pela força do Governo.» 

Um pouco na mesma linha, Jerónimo de Sousa repõe em cena a rábula, profundamente demagógica, dos "dias de trabalho forçado e não pagos" - fantasia completa e total incompreensão da realidade, que tem repetido a torto e a direito. Disse, agora, o líder do PCP: «É mais uma medida que aparentemente, sendo facultativa e logo não merecendo reparos do maior, vai sempre no mesmo sentido. Ou seja, retirar direitos aos trabalhadores, pô-los a trabalhar mais tempo, em trabalho forçado e não remunerado.»

Louçã e Jerónimo, a mesma luta!

O PCP garantiu, porém, que vai trabalhar na Assembleia da República, na terça-feira, 21 de Fevereiro. E presume-se que o Bloco de Esquerda fará o mesmo. Por seu turno, a FESAP - o braço-armado da CGTP-In na função pública - recomendou que «os funcionários públicos devem ir trabalhar mascarados»

Atenta a estreita solidariedade PCP/CGTP/BE, fazem-se já apostas sobre as máscaras que a esquerda radical usará no Parlamento neste Carnaval 2012. E Arménio Carlos irá aparecer?

Louçã no país das maravilhas e Jerónimo à tuba são algumas das apostas mais populares, com origem no vasto e criativo menu do WeHaveKaosInTheGarden.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nunca percebi porque é que a terça de Carnaval se mantinha como feriado, mais a segunda de ponto entre o domingo e o dia...como não percebo os 14 meses de trabalho num calendário de 12...e depois não haver subsídio de desemprego pelo mesmo tempo que nos países europeus com melhor nível de vida
nem benefícios fiscais pelos filhos que se têm. Ou a fiscalidade dá a mão à política ou a sociedade perde os resquícios humanistas que ainda possam subsistir...
MJC