domingo, 16 de novembro de 2014

Contentores: entre o Barreiro e a Trafaria – outras questões


Algumas das razões apresentadas aqui pelo Engº. Mário Ribeiro podem e devem ser alvo de debate e contraditório, partindo do princípio de que algumas delas terão maior suporte técnico e adesão do que outras, discussão que deixo para os especialistas. 

Contudo, e para que o debate assente em parâmetros correctos e não apenas naqueles que os ‘defensores’ da Trafaria apresentam como essenciais, tenho de contrariar algo que vem escrito, ou seja: «A construção deste canal de acesso e da bacia de manobra necessária, junto ao cais, exigirá segundo o autor do trabalho, a remoção de sedimentos, ALTAMENTE CONTAMINADOS pela fábrica da Quimigal…», o que não é verdade, porque o canal a ser construído já existe, embora necessite de ser dragado para aumentar a profundidade (o que é bem diferente do que construir a partir do zero); e a referência à remoção de sedimentos que se dizem ‘altamente contaminados’ não está suportada em nenhum estudo ambiental recente, após os que foram feitos para a hipótese da construção da ‘3ª.travessia’ e que não assinalam nada disso para a zona do canal, pois tratando-se de dragagens em meio aquático, aí não há sedimentos ‘altamente contaminados’

O que é referido pelos Estudos então feitos é que há sim uma zona de solos altamente contaminados nos terrenos Quimiparque, das ex-indústrias da Quimigal e adjacentes, mas em terreno firme que não será obviamente mexido pela execução das dragagens no alargamento e aprofundamento do canal já existente e funcional para acesso ao terminal da Tanquipor.

Os argumentos que suportem determinada tese, para serem válidos e credíveis, têm de partir de premissas correctas. Só assim, é possível comparar o que é comparável.

Por outro lado, a defesa da localização na zona da Trafaria/Cova do Vapor esbarra na oposição cerrada da Autarquia de Almada que impedirá ainda a execução da malha ferroviária e rodoviária de acesso ao dito terminal e o desenvolvimento em terrenos anexos das actividades logísticas adstritas a um terminal. E fazer um terminal novo numa zona em que há uma forte oposição ao projecto dos autarcas e das pessoas aí residentes não parece razoável.

ANTÓNIO JOSÉ MOCHO

2 comentários:

João Luis Mota Campos disse...

Meu Caro Zé, os meus sinceros parabéns pelo excelenete post e pela qualidade dos elementos publicados. Dá outra dimensão à discussão.

Anónimo disse...

No estudo do "Análise Comparativa das Alternativas Existentes para a Terceira Travessia do Tejo na Área Metropolitana de Lisboa" (LNEC, 2008), ver págs. 116-123 e 187-188, o qual pode ser lido aqui -> http://www.civil.ist.utl.pt/~mlopes/conteudos/TTT/An%C3%A1liseComparativa.pdf , está bem patente, conforme fig. 42 da pág. 119, que a contaminação de sedimentos está efetivamente presente na área aquática no estuário, nomeadamente na área de atravessamento do pretendido canal. A contaminação em questão foi aliás referida pela Ordem dos Engenheiros, em diferentes ocasiões, designadamente no encontro recente na Ordem, como um aspeto muito desfavorável dessa localização, ver em http://www.youtube.com/watch?v=v3G2SsmdF0s