segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

"Portugal não quer e não precisa de estender a mão à caridade"

Na mão direita tenho um pólo negativo, na mão esquerda tenho outro.
Se juntar os deditos, dá um curto-circuito e um estouro igual ao que este «coiso» vai dar, não tarda nada...

Que lindo! 

Diz que a Ministra das Finanças tem muitas reservas aos 'eurobonds' e a uma maior intervenção de BCE na gestão da dívida. "A solidariedade exige contrapartidas", disse no Parlamento.

"Eu não sei se é bom ter 'eurobonds' ou o BCE comprar a dívida sem saber quais são as condições que vêm associadas. Não sejamos ingénuos: nós não vamos pedir aos outros contribuintes dos outros países europeus a solidariedade sem nada em troca, porque não está certo. Isso era caridade, e eu já tive ocasião de dizer mais do que uma vez: Portugal não quer e não precisa de caridade e de estender a mão à caridade. A solidariedade exige contrapartidas", reforçou.

Há 14 anos que Portugal dá contrapartidas por pertencer á zona Euro. Nunca ouvi ninguém chamar a isso «caridade». Foram os desequilíbrios estruturais do Euro que permitiram aos países do norte reforçar as suas posições e aos países do sul perder terreno competitivo e entrar em deficit permanente. 

A Alemanha, para citar um, ganhou tudo o que tinha a ganhar com o euro. Portugal, para citar outro, perdeu tudo o que tinha a perder. Nunca ninguém falou em caridade. Agora de repente, quando se fala em corrigir estes desequilíbrios inerentes ao sistema, vem esta «patriota», com proclamações gongóricas, proclamar que "Portugal não quer e não precisa de estender a mão à caridade"? Oh meu Deus! Que patriotas da treta que nos saíram na rifa…

Talvez não fosse pior que esta burocrata que com a mesma acefalia serviu vários governos que fizeram tudo e o seu contrário, reflectisse um pouco e decidisse que achava bom ou mau o que está em discussão. 

"Eu não sei se é bom ter 'eurobonds' ou o BCE comprar a dívida sem saber quais são as condições que vêm associadas” não é a resposta de que estávamos à espera da ministra das Finanças de Portugal. Mas seria a resposta que eu esperaria da directora-geral que andou com o Zé Sócrates a vender títulos do Tesouro aos Emiratos…

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