segunda-feira, 7 de março de 2016

A caspa intelectual de Rui Tavares


O historiador e ex-deputado bloquista-desertor Rui Tavares publicou hoje no Público um textozinho odioso contra Cavaco e Silva.

É obvio que nunca o suportou, odiou-o sempre, nem consegue disfarçar. A causa, seria segundo ele, a «indisfarçada repulsa pelo Portugal de Abril » de Anibal Cavaco e Silva.

E, acrescenta, esse «Portugal de Abril» nunca teria «engolido» Cavaco e Silva. Simplesmente, nada é tão simples que dispensa a confissão do prosador de que «Cavaco Silva marcou o país durante trinta e seis anos. Não nos lembramos de nenhum terramoto, nem ditadura. Mas não deixa de haver uma poalha de mesquinhez que cobre toda a era de Cavaco e que influencia toda a memória que possamos ter dela.» dixit.

É claro que «a teimosia dele contra o governo de esquerda era mais "Boliqueime do que Bruxelas". Juro que era só uma referência ao lugar de nascimento do então presidente. Mas tal é o poder de Cavaco Silva: houve gente zangada comigo achando que eu estava a apoucar Boliqueime.»

É evidente que era só uma referência ao local do nascimento do Presidente. Que outra coisa haveria de ser? Uma insinuação reles de que Cavaco não é mais do que um parolo de província e não um cosmopolita treinado nas artes florentinas de «Bruxelas» e do Parlamento Europeu, onde Rui Tavares passou uns tempos…?

Aníbal Cavaco e Silva está de saída. Provavelmente não o voltaremos a ver disputar lugares na política, imitando as cenas patéticas de Mário Soares. Eventualmente dará o seu patrocínio a alguma causa que considere meritória, fará algumas conferências e escreverá memórias, será Pai, Avô e marido. É muito.

Mas há uma coisa que Cavaco e Silva saberá sempre, e se não a tinha entendido antes, deverá tê-la entendido agora: a esquerda portuguesa, a tal «de Abril», a que acha que há um «Portugal de Abril», bom, contra um «Portugal de não-abril», mau, a que sonha que lhes «despejaram a polícia em cima» (Rui Tavares, Publico de 7 de Março de 2016), que combateu nas trincheiras do anti-fascismo, contra aqueles que se atreveram a pensar outro Portugal que não fosse o Portugal da reforma agrária e das nacionalizações, dos saneamentos “a la Saramago”, essa esquerda, nunca, mas nunca o «engolirá», nem poderá confessar que o consulado Cavaquista teve muito de bom, algo de mau, que nada na vida é a preto e branco, mas que, se houve algum politico da moderna democracia portuguesa que realmente mudou o País, esse politico chama-se Aníbal Cavaco e Silva.

De facto, há uma «poalha de mesquinhez» que cobre toda a era Cavaquista, toda a era que a antecedeu e toda a era que lhe sucedeu: é a caspa intelectual da esquerda velha e relha que acha mesmo que Portugal deve ser um País «a caminho do socialismo», e que qualquer outra opção é contra o Portugal de Abril.

Deve ser por isso que eu sou do Portugal de Junho…

1 comentário:

Augusto Küttner de Magalhães disse...

Sem falar sequer em repulsa de quem quer que seja pelo que possa ser, convenhamos que Aníbal Cavaco Silva, não teve perfil para ser PR.

Nem interessa se esteve à direita , ao centro ou à esquerda, não era facetado para ser PR!

E foi mau.

Desde o Estatuto dos Açores, onde estava cheio de razão, mas a forma como nos comunicou foi um desastre, até às Escutas, à Sua Reforma, etc...foi mau......não soube, não conseguiu ser PR , nos tempos confusos que o foi....

Ponto....