terça-feira, 10 de abril de 2012

Rangel e a Europa


Estes tempos de crise e de debate são uma época privilegiada para os deputados ao Parlamento Europeu - tenho-o dito várias vezes por aí. Para participarmos e podermos agir no debate europeu, é indispensável que nos contem o que anda a discutir-se nas arenas da política europeia e nos demais Estados-membros da União. Este é o momento mais propício a dizerem-nos o que se passa, a contarem-nos as opiniões e sensibilidades que se confrontam e a adiantarem o que eles próprios pensam - e como intervêm.  

O artigo de hoje de Paulo Rangel no PÚBLICO é um bom exemplo disso: A Europa e o "esmagamento" das médias potências (I). Rangel escreve para abordar uma proposta de Andrew Duff, um velho e experimentado eurodeputado liberal inglês, federalista persistente. E promete continuar com a análise da proposta do britânico em próximo(s) artigo(s).

Mas o mais interessante - e importante - do texto de Rangel são algumas linhas que dedica à política europeia, que coincidem também com intervenções avulsas que tenho feito por aí. Qualquer dia, vou começar a escrever também sobre isto. A política europeia - que discutimos tão pouco e pesa tanto na nossa realidade e no nosso futuro - deveria estar na primeira linha do palco, e não nos bastidores.

Escreve Paulo Rangel:
«A política europeia desenrola-se hoje em diferentes palcos e dimensões várias. A ideia de que a política europeia se faz basicamente à mesa das instituições europeias e, em especial, da Comissão e do Conselho poderia ser válida para uma União com 12 Estados. Mas já não tem sentido numa realidade política que acolhe como membros 27 países. Para lá da relação estreita e necessária com as instituições (a que agora se soma, indubitavelmente, o Parlamento Europeu), hoje é indispensável identificar "redes de Estados" com os quais possamos inventariar problemas afins e ensaiar posições comuns. De certa maneira, assumir esta "institucionalização" de redes de contactos é aceitar o regresso em força da diplomacia. Na complexidade das relações a 27, é fundamental fazer o trabalho de casa e criar ligas de solidariedade que possam ter peso na decisão final. Esse trabalho exige uma activíssima diplomacia "intra-europeia", em que a dança e o bailado das pequenas, médias e grandes potências voltaram ao trânsito habitual. Essa política externa tem também traços novos: exige uma especial articulação das nossas embaixadas na Europa com a Representação Permanente em Bruxelas, abre-se a uma diplomacia parlamentar desenvolvida pela Assembleia da República com os restantes parlamentos nacionais e o Parlamento Europeu, pode implicar ou propiciar outras plataformas de diplomacia paralela.»
É sem dúvida tema absolutamente central da nossa política externa, para estar bem focada no presente e no futuro.

Sem comentários: