segunda-feira, 9 de março de 2015

Desafios prementes do sistema de saúde


MAR PORTUGUÊS

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador
tem de passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa, in Mensagem)


Há questões sobre as quais é obrigatório reflectir:

- A crescente escalada de custos com a saúde é uma realidade mundial, e a portuguesa?

- A inabilidade do modelo actual de financiamento para dar respostas às necessidades existentes.

- A incapacidade que têm os intervenientes no sector para implementar modelos de gestão que permitam eliminar os desperdícios de recursos que caracterizam o sector.

- A organização e o planeamento da actividade hospitalar exige decisões céleres do executivo.

Há, além disso, problemas estruturais já identificados:

- Reduzido grau de cooperação entre os diferentes níveis dos cuidados de saúde.

- Incapacidade dos cuidados primários em suster a procura das urgências hospitalares por parte dos cidadãos.

- Cuidados hospitalares dimensionados para dar resposta a um perfil assistencial que não é da sua competência.

- Número de hospitais superior às reais necessidades do País.

- Fraca capacidade de resposta no tratamento das doenças crónicas, que representam 70% a 80% dos gastos em saúde.

- Apesar de todos os esforços, a resposta dos cuidados continuados é insuficiente.

O maior desafio que se coloca às despesas sociais resume-se objectivamente ao evidente envelhecimento da população, que provoca uma inversão contínua da pirâmide geográfica, com a consequência de a riqueza a ser criada pelas gerações vindouras não vir a ser suficiente para suprir as necessidades das gerações actuais.

Constatamos isto mesmo ao analisar dados relativos a 1960 e 2008:

A população residente em 1960 era de 8,9 milhões e em 2008 era de 10,6 milhões; em 1960, o número médio de filhos por mulher era de 3,2 e em 2008 de 1,4; em 1960 os jovens com menos de 15 anos eram de 2,6 milhões e as pessoas com mais de 65 anos aproximadamente 709000, ao passo que em 2008 os jovens eram 1,6 milhões e as pessoas com mais de 65 anos 1,9 milhões.

O envelhecimento da população provocará um aumento dos gastos públicos de entre 1% e 2% do PIB nos próximos anos, segundo dados da Comissão Europeia divulgados em 2007.

Se nada for feito no curto e médio prazo, a insustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nos moldes que conhecemos agravar-se-à seguramente, dados os constrangimentos presentes no espaço orçamental do Estado.`

É obrigatório ver o problema como um todo, mas as soluções resultam da soma de cada uma das partes.

Por conseguinte, parece não ter constituído nenhuma grande valia para este governo, a expectativa de reforma na saúde provocada pela " TROIKA". A reforma induzia a ideia de que teria havido um projecto politico subjacente à centralidade politica e à governamentalização da administração, os factos mostram não ter existido um programa com sucesso. A "TROIKA" como terramoto não destruiu o sistema tradicional no sector da saúde, basta ouvir os relatos dos doentes e dos profissionais.

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