segunda-feira, 4 de maio de 2015

Um encontro de amigos


Terei sonhado? Diz-se que há dias, em Aguiar da Beira, terra rude e granítica do nosso interior, o Primeiro Ministro Passos Coelho encontrou na sala onde proferia uma homilia dominical, só que ao Sábado, um «velho amigo», que deu por exemplo acabado de grande empresário português, sério, recto, capaz, competente, metódico, vistas largas, mundo, grande rede de contactos de negócios, enfim, tudo o que os empresários portugueses deviam ser e não são.

O nome de tão extraordinário empresário é Manuel Dias Loureiro. Esse! Esse Loureiro.

Quando se fala em Manuel Dias BPN Loureiro - ex-conselheiro de estado, ex-ministro da Administração Interna, e ex-apoderado de Daniel Sanches, também ele por seis meses ministro dessa coisa (homem competente, em 6 mezinhos adjudicou um extraordinariamente inútil sistema de comunicações, por 510 milhões de euros, uma bagatela), ex-várias coisas, entre as quais um rombo de 6.000 milhões nas contas nacionais, à conta do BPN, desmemoriado, oficialmente mentiroso – a única coisa que vem à cabeça é que «não falem» em tal cavalheiro: é o exemplo acabado do que não devia existir em Portugal.

Mas o PM falou. Em tom tão encomiástico, que dá para acreditar que ele acha que o MDL é mesmo um exemplo a seguir. Precisávamos disto? Decerto que não.

O que é que este obiter dicta nos diz sobre o PM? Que é descarado? Que não tem vergonha na cara? Que é um imbecil? Ou que é um Forrest Gump da Politica, que chegou a PM sem saber como, mas não esquece os amigos que o fizeram lá chegar?

Diz que o Imperador Dario, o Persa, depois da revolta da liga Jónica apoiada por Atenas, ordenou a um criado que lhe repetisse todos os dias, ao sentar-se à mesa, «não te esqueças dos Atenienses». Pois Passos, devia pedir, sei lá eu, ao Relvas ou ao Portas, que em cada encontro lhe repetissem «não te lembres de falar no Dias Loureiro».

A ver se pomos um módico de higiene pública na nossa vida politica! Alguém que explique ao Passos que, mesmo que ache MDL um homem extraordinário, se lembre que a hipocrisia é o tributo que o vício paga à virtude…

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