segunda-feira, 26 de março de 2012

Portugal, "sub-região ibérica"!?


Apesar dos esforços políticos para silenciar o assunto e abafar o debate, a questão do 1º de Dezembro vai mexendo por aí. No sábado passado, 24 de Março, foi o EXPRESSO, no caderno Economia, a incluir na sua avaliação mensal do "Exame do Conselho dos Doze" (apreciação do desempenho do Governo e de algumas questões da política e da economia) uma questão sobre o feriado do 1 de Dezembro. Perguntava o EXPRESSO às doze personalidades que consulta regularmente: «Trocava o fim do feriado do 1 de Dezembro pelo fim do 10 de Junho?»

Cabe sublinhar que eu não defendo a extinção do 10 de Junho. A sugestão que apresentei, no limite, se chegássemos a esse apuro político, preservaria os dois feriados, embora ganhando um dia para a economia nacional: o 1 de Dezembro manter-se-ia inalterado e o 10 de Junho passaria a ser celebrado, como símbolo que é da portugalidade universal, no segundo domingo de Junho. É o que já aqui escrevi, o que sugeri em carta enviada à Comissão de Trabalho na Assembleia da República e também o que esclareci e defendi na RTP-1 no debate do Prós e Contras do passado dia 19 de Março.

Em qualquer caso, o painel de respostas recolhido pelo EXPRESSO não deixa de ser interessante.

Respondem no sentido de que o 1 de Dezembro é mais importante que 10 de Junho: Henrique Neto, Luís Mira Amaral e Francisco Pinto Balsemão. E respondem que o 10 de Junho mais importante que 1 de Dezembro: Teodora Cardoso, Ferreira de Oliveira e Paulo N. de Almeida. Por seu turno, a maioria opta por outro tipo de respostas, desvalorizando a questão ou recomendando outro tipo de abordagem da questão dos feriados: Augusto Mateus, Pinto de Sousa, João Salgueiro, Medina Carreira e Miguel Beleza.

Sintomática entre todas é a resposta de MURTEIRA NABO. Diz ele: «A integração da subregião ibérica da Europa reduz o significado do 1º de Dezembro.» 

Ele junta-se por isso, no inquérito, àqueles que dizem querer manter o 10 de Junho, mas celebrando já o poeta e a língua dessa coisa espantosa e menor que nos reduz, a Portugal, a uma “subregião ibérica”. Extraordinário! Absolutamente extraordinário e revelador.

Aqui temos o exemplo evidente dos perigos de eliminar do calendário oficial o feriado nacional do 1º de Dezembro. E uma ilustração da ideologia que lhe está subjacente. Já o Manifesto de 1861 foi contra isto.

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