terça-feira, 12 de abril de 2016

Azeredo Lopes

Azeredo Lopes, ministro da Defesa Nacional
Devo dizer que gosto de Azeredo Lopes. Costumava apreciar o que escrevia em crónicas de imprensa e conheço a importante carreira de serviço público e de intervenção cívica que já desenvolveu. E certamente prosseguirá.
Porém, nunca damos para tudo. E alguns factos recentes na área da Defesa Nacional, que é a sua pasta ministerial, criaram um imbróglio lamentável e abriram um conflito que será muito, muito difícil superar.
Quando foi da "crise das bofetadas", aberta por João Soares, admiti que o primeiro-ministro pudesse fazer uma remodelação, deslocando Azeredo Lopes para a Cultura (para que tem perfil e experiência) e encontrando outro titular para a Defesa, com maior experiência e conhecimento no relacionamento com a instituição militar. Seria uma forma airosa de interromper um problema que só pode acastelar-se. Assim... vamos ver.
Critico a forma como, publicamente, tirou o tapete às chefias do Exército e as colocou quase sob ultimato, a propósito de umas putativas homossexualidades em jovens alunos do Colégio Militar. É o que se chama uma tempestade num copo de água: na realidade não houve nada; apenas umas declarações sobre hipóteses abstractas, num contexto geral da vivência do colégio e do seu corpo de alunos. O ministro agiu, talvez sob pressão política interna da geringonça, sem ponderar nada: nem a hierarquia militar; nem as exigentes responsabilidades da direcção do Colégio Militar; nem a imperativa lealdade e lisura da relação entre a tutela ministerial e a instituição militar; nem o facto de os alunos do Colégio serem jovens e até muito jovens, todos menores de tenra idade; nem a circunstância do particular rigor e atenção que são impostas pelo regime de internato escolar. Nada. O preconceito da agenda LGBT radical soou mais alto e soprou o vendaval do costume.
Lamento a demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército, General Carlos Jerónimo, seguida já, ao que parece, também da demissão também do Vice-Chefe, General Pereira Agostinho. Saúdo, porém, a sua dignidade e o alto sentido institucional, que só será de estranhar e lamentar se não tiver eco mais vasto.
Enfim, considero deplorável o comportamento dos partidos políticos, assim como de outros responsáveis. À excepção do BE e da sua agenda, o silêncio é tão notório e tão lamentável, que não chega falar de política de avestruz; é mais política de minhoca ou toupeira.
A coisa é, aliás, mais caricata, quando logo explodiram críticas e se multiplicaram comentários, nas redes sociais, contra o facto de o ministro Azeredo Lopes ter aparecido, há dias, a passar revista a militares em formatura... trajando sem gravata e de colarinho aberto. Está mal que o ministro tenha feito isso - os militares são educados  no aprumo e no rigor do trajar. Mas o facto de a falta de gravata "enfurecer" os críticos, ao mesmo tempo que se calam sobre o incidente em torno do Colégio Militar, diz muito da falta de coragem, falta de sentido de grau e de medida, falta de clareza e falta de capacidade de acção política. Uma lástima fanfarrona. Faz-me lembrar a invasão de Ronald Reagan à ilha de Granada para lavar a honra norte-americana ferida no desastre vietnamita...
Hoje, o PSD deu sinal de questionar o ministro. Vá lá... do mal , o menos. Vamos ver o que acontece, que anda tudo cheio de medinho.
O ministro da Defesa Nacional, há dias,
passando revista a tropas em parada


ACTUALIZAÇÃO: Afinal, o Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército não apresentou a demissão. É este o teor de um esclarecimento público. Tratou-se de uma precipitação noticiosa.

2 comentários:

Augusto Küttner de Magalhães disse...

Parece ser capaz e integro, mas talvez não tenha o perfil para Ministro da Defesa!!!!

O da Cultura foi um total erro de casting do PM, mas já está resolvido.

Este caso: uma não necessidade, talvez!!!!

Augusto Küttner de Magalhães disse...

Mas o anterior na Pasta desde o inicio foi um colapso........