Em dia de moção de censura, vale a pena reflectir sobre a absoluta responsabilidade em que rola o nosso sistema político e o teatrinho vulgar em que transformou o Parlamento.
O que é que se vai passar?
Um partido que nunca foi a eleições – o PEV – e cujos dois deputados só estão na Assembleia da República porque (escolham o método democrático) viajaram ao colo, às cavalitas, no bojo, na trela ou no regaço do PCP vão usar a ferramenta constitucional apropriada a provocar o derrube parlamentar de um governo resultante de eleições gerais do País.
É facto que não vai acontecer nada, a não ser mais uma tarde de gargarejo, muitos gestos, porventura alguma gritaria, interjeições e outras cenas da praxe. E é facto também que não existe a necessidade de moção de censura construtiva, que obrigaria o partido proponente a apresentar uma alternativa efectiva de governo. Mas, ainda assim, que têm os deputados Heloísa Apolónia e José Luís Ferreira, os dois verdes duvidosos “heróis do dia”, a propor para o governo de Portugal? E, mesmo que o tivessem a propor, com que legitimidade e com que suporte democrático o fariam? Zero, nada de coisa nenhuma. E, todavia, gastaremos a tarde nisto: todo o Governo e toda a Assembleia da República, os eleitos por toda a gente, capturados por dois actores que verdadeiramente ninguém alguma vez elegeu em sentido próprio.
Torna-se deprimente assistir – e, mais ainda, participar – a estes actos de puro vaudeville que desprestigiam a vida parlamentar. Não sei mesmo o que é mais deprimente: se é mais deprimente o expediente regimental de Os Verdes, ou se é o facto de toda a esquerda (composta por partidos que vão a votos e sabem bem o que isso custa) se prestar, desde o BE ao próprio PS, passando pelo padrinho PCP, a avalizar a jogada e a colaborar activamente no número? Como pensam que as pessoas olham para os deputados?
Apesar da crise profundíssima de Portugal e da linha estreitíssima em que caminhamos para não desabarmos estrondosamente e por completo, a palavra de ordem, reinante e única, é esta: The show must go on! (O espectáculo tem de continuar).
Em boa verdade, é este sistema – todo – que merece censura: alguns dias de debate sério e de reflexão aturada sobre as deficiências de um sistema político que, confundindo representação política com representação teatral, nos conduziu, ano após ano, à ruína. Um sistema que nem diante do quadro triste, deplorável e doloroso, da ruína e dos seus terríveis efeitos sociais é capaz de emendar-se ou de mostrar sequer vontade de emenda.
Precisamos de mudar a forma como se fazemos política em Portugal. Ou não sairemos do buraco, nem da absoluta dependência externa.
O que é que se vai passar?
Um partido que nunca foi a eleições – o PEV – e cujos dois deputados só estão na Assembleia da República porque (escolham o método democrático) viajaram ao colo, às cavalitas, no bojo, na trela ou no regaço do PCP vão usar a ferramenta constitucional apropriada a provocar o derrube parlamentar de um governo resultante de eleições gerais do País.
É facto que não vai acontecer nada, a não ser mais uma tarde de gargarejo, muitos gestos, porventura alguma gritaria, interjeições e outras cenas da praxe. E é facto também que não existe a necessidade de moção de censura construtiva, que obrigaria o partido proponente a apresentar uma alternativa efectiva de governo. Mas, ainda assim, que têm os deputados Heloísa Apolónia e José Luís Ferreira, os dois verdes duvidosos “heróis do dia”, a propor para o governo de Portugal? E, mesmo que o tivessem a propor, com que legitimidade e com que suporte democrático o fariam? Zero, nada de coisa nenhuma. E, todavia, gastaremos a tarde nisto: todo o Governo e toda a Assembleia da República, os eleitos por toda a gente, capturados por dois actores que verdadeiramente ninguém alguma vez elegeu em sentido próprio.
Torna-se deprimente assistir – e, mais ainda, participar – a estes actos de puro vaudeville que desprestigiam a vida parlamentar. Não sei mesmo o que é mais deprimente: se é mais deprimente o expediente regimental de Os Verdes, ou se é o facto de toda a esquerda (composta por partidos que vão a votos e sabem bem o que isso custa) se prestar, desde o BE ao próprio PS, passando pelo padrinho PCP, a avalizar a jogada e a colaborar activamente no número? Como pensam que as pessoas olham para os deputados?
Apesar da crise profundíssima de Portugal e da linha estreitíssima em que caminhamos para não desabarmos estrondosamente e por completo, a palavra de ordem, reinante e única, é esta: The show must go on! (O espectáculo tem de continuar).
Em boa verdade, é este sistema – todo – que merece censura: alguns dias de debate sério e de reflexão aturada sobre as deficiências de um sistema político que, confundindo representação política com representação teatral, nos conduziu, ano após ano, à ruína. Um sistema que nem diante do quadro triste, deplorável e doloroso, da ruína e dos seus terríveis efeitos sociais é capaz de emendar-se ou de mostrar sequer vontade de emenda.
Precisamos de mudar a forma como se fazemos política em Portugal. Ou não sairemos do buraco, nem da absoluta dependência externa.
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