Deles fala a História, a Economia e também a Criminologia.
É sabido que, antes das crises e ainda durante as crises, costumam prosperar figuras obscuras, artistas no segredo e na dissimulação, gente de muitas e boas relações, hábeis em manejar ilegalmente os mecanismos da lei, industriosos na apropriação de fortunas gigantescas à custa da decadência geral. São figuras que crescem na maré do desmando e da desvergonha e que, pelos seus excessos, contribuem, como nenhumas outras, para o declínio e a maré baixa geral.
Vão muito além de modelos modestos como Isaltinos, Fátimas, Vales e Valentins, tralha vulgar de trazer por casa. E são o verdadeiro tampão para o fim e reparação de PPP, swaps e outros grandes roubos da República.
Tendo penetrado o miolo do sistema bancário e dominado as artes do malabarismo financeiro, constam como possuidores de grandes segredos, obtidos por bancos, banquinhos e banquetas. Construíram teias complexas e variadas de negócios públicos e privados. E gozam aparentemente de protecções que os põem ao abrigo da justiça pronta, justa e severa que se abateu, por exemplo, noutras paragens, sobre outro sofisticado herói da banda, como Bernie Madoff. Exibem segurança. Parecem gozar connosco.
A impunidade é tão estranha face à dimensão dos desmandos conhecidos que o povo duvida se é o Presidente que não preside, ou o Governo que não governa, ou a Assembleia que faz más leis, ou a polícia que não vigia nem persegue, ou o Ministério Público que faz vista grossa e troca as mãos, ou os juízes que não sabem julgar. Nos escândalos que geram tornam-se no foco mais profundo de fractura pública e, por vezes, no ponto de mudança dos regimes: no caso, da III para a IV República.
Há lendas de vários casos destes Metralhas da República Lusitana. O mais célebre e comentado é um quinteto de gente afamada: D. Pias Louleiro, Tony Jerardo, Joãozinho Sendeiro, Zuzarte Lima, Oliveira e Tosta. Cada um alimenta crónicas que encheriam vários livros. São também extensos e pesados os volumes dos processos legais. Mas condenados, nenhum. Alguns, nem a julgamento foram levados.
Um dia, a casa vem abaixo. Isso é o que diz a História. E também a Economia. A Criminologia não o dá por tão certo.
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